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Quim Barreiros não foi o primeiro a ir à Garagem da Vizinha

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Nem o primeiro a mamar n’A Cabritinha — ou até a cheirar o bacalhau da Maria. O Mestre da Culinária importa muitos ingredientes do estrangeiro para fazer um verdadeiro cozido à portuguesa, mas não é o único.

Incontornável quando o tema é a música popular portuguesa, o adolescente Joaquim de Magalhães Fernandes Barreiros agarrou o seu acordeão há mais de 70 anos, em Vila Praia de Âncora, e nunca mais o largou.

Desde então, os sucessos, não há como contá-los.

“A Cabritinha”, “A Garagem da Vizinha” ou o “Bacalhau à Portuguesa” tornaram-se epítome da portugalidade, nomeadamente entre os mais jovens, que convidam Quim todos os anos para tocar nas suas festas académicas.

Muitos deles não sabem, no entanto, que o seu Quim Barreiros é apenas um importador destes três clássicos — e muitos mais.

Não foi Quim Barreiros quem escreveu muitas das suas músicas mais famosas. Além da banana pêssego, muito do sumo do Mestre da Culinária é fruto do forró brasileiro.

Uma das maiores inspirações de Barreiros é José Nilton Veras, mais conhecido pelo seu apelido Zenilton. Também ele era um contador de histórias, cantor de trocadilhos e dono de um acordeão com o qual misturava numa veia humorística o forró com o baião e xote, estilos musicais profundamente enraizados na tradição do nordeste do Brasil. É o sanfoneiro pernambucano, “rei do duplo sentido”, o dono do “Bacalhau à Portuguesa”, d’”O Grilinho” e do “Riacho da Pedreira”, entre outras.

“A Cabritinha”

“A Garagem da Vizinha”

“Bacalhau à Portuguesa”

“O Grilinho”

“Riacho da Pedreira”

“Meu Casamento”

Versões, não plágio

Mas atenção: nada disto é plágio. Para o ser, era necessário que o rei da Queima das Fitas simplesmente copiasse a ideia ou conceito de outro artista. Quim Barreiros faz sempre questão de deixar claro que usa músicas de outros artistas.

“Entre os compositores e sanfoneiros brasileiros mais usados por Quim Barreiros contam-se Zenilton (autor de “Bacalhau a Portuguesa” e “O Grilinho”, entre outros), Amazan (autor de “A Cabritinha”) ou Edmar Neves / Jairo Góis (“A Garagem da Vizinha”)”, lê-se na sua biografia, presente no seu website oficial.

Muitas das versões de Quim Barreiros estão inclusive creditadas nos seus discos. São precisamente isso, versões, isto é, adaptações que respeitam o autor/compositor original da música.

Quim Barreiros não está sozinho

Quim Barreiros não está nem nunca esteve sozinho neste jogo. Marco Paulo é outro grande “importador” de clássicos, desde o “Ninguém, Ninguém” às suas “Taras e Manias”.

E há outros dois exemplos de versões que podem surpreender.

“O Bicho” não é de Iran Costa…

E, por fim, uma que deixa dúvidas, graças às suas semelhanças com o clássico de Bob Dylan imortalizado pela versão dos Guns n’ Roses Knockin’ On Heaven’s Door, lançado em 1973, muitos anos antes da versão de Iris.

São mais de 50 discos recheados de trocadilhos que animam Portugal de norte a sul. Obrigado, Quim Barreiros. Agora, deixem o pimba em paz.

Tomás Guimarães, ZAP //

4 Comments

  1. O clássico Knockin on Heavens Doors não é dos Guns n’ Roses nem foi escrito em 1991 mas sim de Bob Dylan e escrita em 1973. A dos Gun’s já é uma versão.

  2. E os brasileiros fizeram plágio aos colombianos, tem filme assalto banco central da Colômbia onde existe essa musica

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