Opiniões políticas, formação, hábitos alimentares, desportos favoritos, passatempos ou música: quando uma pessoa de quem gosta fala connosco, é mais fácil reter informações. O seu cérebro não é imparcial.
O seu cérebro está programado para aprender com maior facilidade ao receber informações de alguém de quem a pessoa gosta.
Pelo menos é essa a conclusão retirada por uma equipa de neurocientistas da Universidade de Lund, liderada pela investigadora portuguesa Inês Bramão, num novo estudo publicado na Communications Psychology.
Dependendo de quem o profere, o ser humano processa o discurso de forma diferente. Na teoria, até faz sentido: aprender com um professor de quem gostamos parece muito mais provável do que aprender a matéria com o professor que ninguém suporta.
O estudo sueco vai um pouco mais longe e tenta explicar por que é que isso acontece. Para saber o que afeta a capacidade de aprender, o grupo organizou experiências onde os participantes tinham de recordar e ligar diferentes objetos.
Descobriram que a capacidade de recordar e ligar informações através de eventos de aprendizagem foi influenciada por quem as apresentou.
Ou seja, quando discursava uma pessoa de quem o participante do estudo gostava, ligar as informações era um processo mais fácil do que quando vinham de alguém de quem o participante não gostava. Os participantes forneceram definições individuais de “gostar” e “não gostar” com base em aspetos como opiniões políticas, formação, hábitos alimentares, desportos favoritos, passatempos e música.
Os autores reconhecem que o estudo mostra “como fenómenos significativos podem ser parcialmente atribuídos aos princípios fundamentais que regem o funcionamento da nossa memória”.
A conclusão do grupo é que estamos mais inclinados a formar novas conexões e atualizar conhecimentos a partir de informações apresentadas por pessoas, organizações ou grupos aos quais somos favoráveis.
A teoria é que esses grupos preferidos normalmente fornecem informações que se alinham com as nossas crenças e ideias pré-existentes. A proposta do grupo é compreender as raízes da polarização e da resistência a novos conhecimentos.
Como é que o cérebro aprende mais rápido?
Algumas influências externas podem fazer com que o cérebro processe as informações de maneira mais rápida.
Pequenas pausas ajudam o cérebro a aprender coisas novas. O raciocínio que leva a essa conclusão é que o órgão faz uma recapitulação do que foi aprendido, justamente para poder reforçar o aprendizado recém-absorvido.
Um outro estudo, publicado em 2021 na Cell Reports sugere ainda que o esquecimento é uma forma de aprendizagem.
Com testes feitos em roedores, os cientistas observaram um grupo de células cerebrais que armazenam uma memória específica e o funcionamento dessas células após o esquecimento. Estimular essas células pode facilitar na hora de recuperar as memórias perdidas.
Logo, além de aprender mais rápido se gostar da pessoa, o cérebro também tem alguns “segredos” escondidos. Cabe aos cientistas, através de estudos cada vez mais complexos, desvendar o órgão.
// CanalTech
Estudo sueco liderado por uma portuguesa!!