Quem vivia em Machu Picchu? Nova análise genética revela surpresas

Um novo estudo contraria a ideia de que Machu Picchu era uma cidade fechada e reservada apenas para as elites, dada a diversidade genética encontrada nos restos mortais analisados.

Uma nova pesquisa publicada na revista Science Advances desvendou a diversidade genética impressionante nos restos mortais dos habitantes da icónica cidadela inca de Machu Picchu no século XV.

Machu Picchu, localizada nas terras altas do sul do Peru, era o palácio real do imperador Pachacuti Inca Yupanqui. A cidadela foi perdida para o mundo ocidental após a colonização espanhola, sendo redescoberta apenas no início do século XX.

O estudo sugere que a cidade era bastante mais diversa do que se pensava durante o auge do Império Inca. A pesquisa sequenciou o ADN antigo dos restos mortais de 68 indivíduos: 34 enterrados em Machu Picchu e 34 em Cusco, a capital do império.

O estudo comparou estes amostras de ADN com o dos povos indígenas que vivem nos Andes atualmente e com antepassados de regiões mais distantes da América do Sul. A diversidade genética encontrada sugeriu que Machu Picchu acolhia indivíduos de várias origens, que provavelmente traziam consigo objetos de cerâmica das suas terras natais, conforme indicam pelos artefatos encontrados.

Os resultados sugerem que muitos dos indivíduos enterrados em Machu Picchu tinham antepassados de regiões distantes do império. Apenas sete indivíduos tinham uma ancestralidade que poderia ser ligada às terras altas do sul do Peru.

Outros 13 indivíduos tinham ancestralidade mista, possivelmente indicando a descendência de indivíduos de diferentes terras que se encontraram e misturaram em Machu Picchu.

Os investigadores especulam que estas pessoas provavelmente eram de classes de “mulheres escolhidas” chamadas acllacona e homens também escolhidos chamados yanacona. Estas pessoas eram selecionadas desde jovens para o serviço estatal, aristocrático ou religioso.

Esses indivíduos teriam passado o resto das suas vidas a servir a propriedade real e as análises aos seus ossos sugerem que eles viveram vidas confortáveis.

Os resultados desafiam a ideia de que Machu Picchu era um local isolado, reservado para a elite inca. Em vez disso, retratam Machu Picchu como um centro de diversidade cultural durante o período do Império Inca, atraindo pessoas de regiões distantes e proporcionando um quadro mais complexo e matizado da vida no auge do Império Inca.

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