Quatro estudantes americanas, desenvolveram uma garrafa de água de dessalinização, num programa destinado a raparigas, com interesse em engenharia, de uma escola de ensino secundário.
O dispositivo, agora hipotético seria compacto e portátil, pelo que poderia oferecer maior acessibilidade em relação aos designs dessalinizantes existentes que imitam a transpiração.
Laurel Hudson, Gracie Cornish, Kathleen Troy e Maia Vollen juntaram-se no programa C-Tech2 da Virginia Tech, onde lhes foi atribuída a tarefa de “reinventar a rodal” — ou seja recriar algo já existente.
O seu estudo foi publicado em janeiro deste ano na Royal Society of Chemistry.
De acordo com o Chemistry World, o grupo de estudantes escolheu focar-se na crise mundial na água, e inspiraram-se nas palhinhas utilizadas pelos caminhantes para purificar a água.
As estudantes consideraram a possibilidade de criar uma garrafa que produzisse água potável a partir da água do mar.
Procuraram a ajuda de Jonathan Boreyko, professor associado do departamento de engenharia mecânica, que na altura estava a pesquisar árvores sintéticas.
Juntamente com Ndidi Eyegheleme, estudante de pós-graduação no laboratório de Boreyko, planearam e produziram um modelo para avaliar o funcionamento interno do seu design.
Como funciona a garrafa?
O desenho da garrafa é inspirado em árvores de mangue, que utilizam técnicas de dessalinização térmica e de membrana para crescer em água salgada ao longo das margens e estuários no trópicos e subtropicais.
O dispositivo inclui uma câmara de entrada, que os utilizadores enchem com água salgada, ligada a uma membrana de osmose inversa.
A água é filtrada através da membrana para uma câmara intermédia ligada a uma folha sintética. A folha consiste numa membrana nanoporosa sobre uma membrana microporosa.
Na evaporação, os meniscos de água dentro dos poros tornam-se côncavos, resultando num diferença de pressão negativa entre o interior e o exterior da superfície. Isto cria uma sucção que pode superar a osmose inversa no filtro, resultando na dessalinização.
O grupo afirma que o desenho tem várias vantagens sobre o trabalho existente em árvores sintéticas. “Adicionamos uma barbatana solar à volta da garrafa para acelerar o ritmo a que a água está a fluir através do filtro“, diz Boreyko.
Isto aumentaria a taxa de transpiração, assegurando que o processo é mais rápido do que outros dispositivos. A garrafa destina-se à utilização pessoal e comunitária por pessoas que não têm acesso suficiente a água limpa.
A estrutura de coluna única proposta assegura que o dispositivo seja portátil. A sua via de transpiração de cima para baixo significa que não necessita de um reservatório de alimentação, assegurando ainda mais uma conceção compacta.
Segundo Onita Basu, especialista em engenharia ambiental da Universidade de Carleton, no Canadá, a tecnologia de dessalinização é “extremamente cara e intensiva em energia”.
“A metodologia em que estão a trabalhar analisa a dessalinização de uma perspetiva mais sustentável, utilizando uma combinação de tecnologia inspirada na biomimética e na natureza. Isto resultaria num dispositivo que seria menos energético e, portanto, mais sustentável, o que é da maior importância nas nações em desenvolvimento”.
Como o desenho é apenas preliminar, a equipa quer agora criar um protótipo da sua garrafa. A construção de um dispositivo físico implicaria enfrentar vários desafios, incluindo o custo dos materiais — para assegurar que o dispositivo é acessível aos utilizadores a quem se destina.
Lá foram as quotas de género metidas na gaveta do esquecimento.
A bandeira da igualdade só se agita quando o vento sopra para um lado.