Afeganistão: quase 80 meninas envenenadas na escola

Foram hospitalizadas 77 raparigas, no Afeganistão, por envenenamento.

Quase 80 meninas afegãs foram envenenadas, na sequência de dois ataques em escolas no norte do país, no último fim-de-semana.

O responsável do departamento de Educação da região de Sangcharak, Mohammad Rahmani, garantiu que “as alunas foram transportadas para o hospital e encontram-se bem”, de acordo com a Associated Press.

Sabe-se que as escolas onde foram levados a cabo os ataques são próximas uma da outra. 60 alunos foram envenenadas na escola Naswan-e-Kabod Aab e as restantes 17 na escola Naswan-e-Faizabad.

Apesar da incerteza quanto às motivações que levaram aos ataques, há fortes suspeitas de que tenham sido executados a mando de alguém por ressentimento ou ajuste de contas.

Ainda não há detalhes quanto ao tipo de envenenamento e à natureza dos possíveis ferimentos causados.

Com os talibãs de regresso ao poder, no Afeganistão, desde agosto de 2021, a liberdade e os direitos das mulheres e raparigas afegãs têm vindo a ser ameaçados.

Em março do ano passado, os talibãs já tinham revertido uma decisão que permitia as raparigas adolescentes entre o 7.º e o 12.º anos – correspondente aos 12 aos 18 anos de idades – irem à escola.

Poucas horas depois de terem anunciado a reabertura de colégios e escolhas para alunas, a medida foi revertida.

Uns meses depois, em dezembro, os talibãs proibiram também todas as mulheres de frequentarem a universidade no Afeganistão.

Desde que voltaram ao poder, as mulheres perderam o direito de trabalhar na maioria dos setores; de fazerem viagens de longa distância sem um tutor do sexo masculino; e foram obrigadas a cobrir o rosto em público.

Antes do regime talibã regressar ao poder, as alunas afegãs podiam frequentar as aulas em turmas mistas e assistir a seminários ministrados por homens.

Em fevereiro, no Irão, já tinha havido um ataque desta natureza. 650 alunas foram envenenadas, em diferentes escolas.

A Amnistia Internacional já alertou que a educação de milhões de mulheres iranianas está em risco por causa dos envenenamentos em escolas para raparigas.

Dados de abril, da organização não-governamental, revelaram que, desde novembro de 2022, mais de 100 centros educacionais para mulheres foram atacados, e que cerca de 13 mil estudantes receberam atendimento médico por envenenamento.

Em março, as autoridades iranianas anunciaram a prisão de 118 pessoas por suspeitas de envolvimento nos envenenamentos, mas os ataques continuam em todo o país.