Basta olhar uma vez para o seu peito. A Inteligência Artificial (IA) já consegue adivinhar a sua idade biológica — e identificar doenças crónicas.
Através de radiografias ao peito, um novo modelo de IA consegue adivinhar, com grande eficácia, a sua “verdadeira” idade, bem como identificar doenças crónicas.
Para criar o biomarcador de envelhecimento, os investigadores utilizaram as radiografias torácicas de 67099 indivíduos saudáveis obtidas, segundo o Tech Explorist, durante exames médicos em três instalações, de 2008 a 2021.
Indicadores-chave de desempenho, como o coeficiente de correlação, o erro quadrático médio e o erro absoluto médio, foram usados para avaliar a precisão da IA na estimativa da idade.
O modelo demonstrou, em estudo publicado no The Lancet, uma forte correlação — com um coeficiente de 0,95 — entre a idade prevista pela IA e a idade cronológica real, o que indica o alto nível de precisão do novo sistema, uma vez que coeficientes de 0,9 ou mais são geralmente considerados extremamente fortes.
Testes adicionais envolveram mais 34197 radiografias de pacientes com distúrbios conhecidos de duas outras instituições. Os resultados mostraram que a discrepância entre a idade prevista pela IA e a idade cronológica estava correlacionada com várias doenças crónicas.
A associação é simples: uma maior diferença entre as duas idades sugere uma maior probabilidade de doenças como hipertensão, hiperuricemia e doença pulmonar obstrutiva crónica.

Os painéis de cima mostram radiografias ao peito normais e o de baixo exibe mapas de saliência, onde as áreas quentes (hot) indicam características de idade aumentada em radiografias e as frias (cold) vice-versa.
O inovador método pode vir a revolucionar a deteção precoce de doenças. Yasuhito Mitsuyama, estudante de pós-graduação na Faculdade de Medicina da Universidade Metropolitana de Osaka, enfatiza a importância da idade cronológica na medicina.
“Os nossos resultados sugerem que a idade derivada de radiografias torácicas pode proporcionar uma visão mais abrangente da saúde de alguém além da sua idade cronológica”, disse o estudante, que procura levar a pesquisa mais além para prever a gravidade de doenças crónicas, antecipar a expectativa de vida e prever potenciais riscos cirúrgicos.