O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, afirmou que não vai ao Qatar mesmo que a Seleção chegue à final.
“Suspendi a minha carreira de comentador desportivo, mas tive a oportunidade de me manifestar sobre o que achava do Mundial no Qatar, quando ainda não se falava sobre o tema. Tenho um ceticismo profundo e estrutural contra as instâncias que dirigem o futebol mundial”, disse em entrevista ao Expresso.
Sobre o mesmo tema, indicou que “seria difícil conciliar” a agenda e que vai ao “futebol quase todas as semanas” desde que nasceu. “O meu lugar no futebol é no Estádio da Luz”, sublinhou.
Nas últimas semanas, o ministro tem andado pelo país para dar conta de iniciativas culturais. “Tenho feito um enorme esforço, desde o início do meu mandato, para ir aos sítios e estar com as pessoas. Faz muita diferença”, referiu.
“A ida ao Laboratório José Figueiredo foi decisiva para perceber o risco de quebra de transmissão do conhecimento com o envelhecimento e as saídas [dos profissionais] e fiz um esforço significativo, depois da visita, para abrir o concurso para conservadores e restauradores. Das 40 vagas abertas, 20 vão para o laboratório”, contou.
E continuou: “a valorização do que tem sido feito é politicamente importante, a política tem um lado simbólico de reconhecimento. E acredito que estar no gabinete é particularmente ineficaz”.
Questionado se ficará durante o mandato inteiro, respondeu que o que o fez aceitar o cargo “foi o horizonte de uma legislatura e haver maioria absoluta. Não estou com sofreguidão para responder aos problemas estruturais em cima do joelho. As vantagens de ter tempo é que as revoluções são refletidas e pensadas”.
“Gostava que, simbólica e materialmente, o acesso à cultura fosse mais fácil, o que tem implicações, do território à economia. Temos de ter um ecossistema mais estável e previsível, que trabalhe com horizontes de médio e longo prazo, daí a aposta nos apoios quadrienais”, explicou o ministro.
De acordo com Adão e Silva, outra “marca” que gostava que ficasse é que, “no momento em que o Estado aumenta o esforço financeiro com a cultura, fosse acompanhado por uma maior presença dos privados. Acho péssimo que haja dependência do Estado, porque diminui a margem de liberdade artística”.
“O gosto e as escolhas de quem transitoriamente ocupa o cargo de ministro da Cultura não devem contaminar a produção artística, e para garantirmos isso temos de fazer com que as instituições não sejam um prolongamento do Estado. Finalmente, temos responsabilidade coletiva de construir a nossa identidade, com a transformação dos museus e monumentos nacionais”, completou.
Essa transformação, apontou, aplica-se a “várias dimensões, das condições de funcionamento e gestão, da capacidade de gerar receitas. Esta área corresponde a um enorme potencial do país e é um fator determinante de construção da nossa identidade”.
Indagado sobre o facto de o Estado não se envolver com a eventual devolução de obras aos seus países de origem, indicou que a “forma eficaz para tratar este tema é com reflexão, discrição e alguma reserva”.
“A pior forma de tratar este tema é criar um debate público polarizado, não contem comigo para isso. É preciso um trabalho que envolva os museus e a academia de uma inventariação mais fina, e posso garantir que esse trabalho será feito”, referiu ainda.
Relativamente às críticas sobre ainda não ter tomado medidas estratégicas, respondeu que as mesmas “não se tomam passados dois meses de Governo. Mas o reforço da dotação orçamental é uma medida estratégica, porque é uma condição necessária, que permite fazer escolhas”
“Duplicámos o programa de apoios sustentados já nesta legislatura. Mais nenhuma área tem tido este reforço. Abrir já os concursos também é estrutural. A interpretação do que é estratégico é matéria de discussão”, frisou.
Quanto ao livro do governador do Banco de Portugal, comentou que não lhe “ocorreria ler um livro de Carlos Costa. Conheço-o muito bem e não me esqueço de que a sua preocupação com a defesa do interesse público era tal que tudo o que alega que se passou não o mobilizou a fazer nada na altura, mas apenas a dar conta disso agora para vender um livro pelo Natal”.
Então como é, Sr. Ministro da Cultura?
Será essa, uma escolha selectiva?
Será que, se fosse na China, país ditador, esclavagista e praticante desse abominável crime do infanticídio, já iria?
Será que, se fosse na Rússia ou no Irão, recusaria?
Pessoalmente, sou apologista dos direitos humanos no mundo, mas, será que o Sr. Ministro da Cultura também é, ou tem certas preferências? Vá lá Sr. Ministro da Cultura, elucide-me se faz favor, sobre esta questão, tão importante para mim…