O Boletim Oficial do Estado espanhol publicou esta sexta-feira a lista dos 4427 espanhóis mortos nos campos de concentração nazi de Mauthausen e de Gusen, na Áustria, para permitir aos seus familiares registá-los como falecidos.
Num comunicado, o Ministério da Justiça indicou que a publicação, decidida pela juíza responsável pelo Registo Civil Central espanhol, cumpre com uma das iniciativas da lei da memória histórica para a indemnização das vítimas do nazismo.
Os familiares e as partes interessadas terão a possibilidade de apresentar alegações e solicitar correções no prazo de um mês. Deste modo, serão incluídos no registo de mortos, estatuto que ainda não tinham. A lista dos 4427 espanhóis anotada na Direção-Geral dos Registos e do Notariado foi comparada com outras bases de dados.
Segundo o Governo espanhol, pretende-se assim agradecer e indemnizar os mais de dez mil espanhóis que foram deportados em campos de concentração nazis após a Guerra Civil espanhola (1936-1939), mais de metade dos quais morreu.
Estavam “privados da sua nacionalidade espanhola por decisão do Governo de Franco, declarados apátridas”, salientou o Ministério da Justiça.
A ministra da Justiça em funções, Dolores Delgado, considerou esta sexta-feira um “dever de memória e justiça” a publicação da lista. Esta medida, que segundo a ministra chega tarde, “pretende homenagear a memória de um coletivo que defendia valores democráticos contra o totalitarismo”. Delgado refere ainda que a intenção do Governo é “continuar a trabalhar no registo, incluindo vítimas espanholas de outros campos [de concentração]”.
A lista, corroborada por uma equipa de investigação da Universidade Complutense de Madrid, a associação Amical de Mauthausen e outras vítimas, dá origem à folha de pagamento de pessoas mortas nos campos da Áustria, as quais o Governo franquista “ignorou”, segundo Delgado.
“Como ministra da Justiça é uma honra promover esta iniciativa que constitui mais um passo para cumprir um dos objetivos: o retorno da cidadania aos nossos compatriotas vítimas do nazismo”, escreveu Dolores Delgado na sua conta da rede social Twitter.
Em abril, o Conselho de Ministros concordou em estabelecer o 5 de maio como o dia de homenagem às vítimas espanholas nos campos de concentração.
// Lusa