Governo já propôs valor do subsídio de risco para polícias. “Ridículo”, dizem sindicatos

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António Cotrim / Lusa

Os sindicatos da PSP e as associações socioprofissionais da GNR consideram “vergonhosa” e “inaceitável” a proposta apresentada pelo Governo sobre o montante do subsídio de risco e ameaçam com ações de luta.

Os representantes dos sindicatos da Polícia de Segurança Pública e das associações socioprofissionais da Guarda Nacional Republicana estiveram reunidos, esta quarta-feira, com o secretario de Estado Adjunto e da Administração Interna, Antero Luís, em que foi apresentada e discutida a proposta de montante a atribuir ao subsídio de risco, tal como está previsto no Orçamento do Estado deste ano.

Segundo as estruturas que representam os elementos das forças de segurança, o Governo não apresentou um valor individual para o subsídio de risco, pretendendo transformar a componente fixa do suplemento de serviço nas forças de segurança em suplemento por serviço e risco nas forças de segurança.

Os sindicatos e associações socioprofissionais indicam que o Governo propôs que este suplemento tenha um valor de 100 euros para o pessoal de patrulha, 90 euros para quem desempenha funções de comandos e 80 euros para os restantes operacionais.

Atualmente, a componente fixa do suplemento de serviço nas forças de segurança é de 31 euros, o que se traduz num aumento de 68, 59 e 48 respetivamente, alegam estas estruturas.

O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), Paulo Santos, manifestou-se desiludido com a proposta, sublinhando à agência Lusa que foi apresentado um valor “muito baixo” e que “não corresponde em nada” ao risco que os polícias correm diariamente, nem dignifica e respeita estes profissionais.

“Não aceitamos de forma nenhuma este valor”, disse, frisando que a proposta é “o contrário daquilo que foi definido em reuniões anteriores” com o secretário de Estado.

Paulo Santos disse ainda que a ASPP vai pedir reuniões com grupos parlamentares e pondera realizar formas de luta.

Também o presidente do Sindicato dos Profissionais da Polícia (SPP/PSP), Manuel Andrade, disse à Lusa que valor é “inaceitável” e “ridículo”.

“O Governo não respeita os polícias que durante 24 por dia e sete dias por semana executam a sua atividade em risco permanente”, afirmou, frisando que só não abandonou a reunião com o secretário de Estado por respeito aos associados do SPP.

Também o Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol) considera “vergonhosa” a proposta e já comunicou formalmente que não vai assinar qualquer acordo coletivo com o valor apresentado e entregou aos representantes do Governo o pedido de negociação suplementar.

Armando Ferreira disse que esta negociação suplementar pretende que se inicie uma nova negociação para que seja apresentado “um valor de suplemento de risco que reflita uma proposta séria e que vá de encontro com os riscos inerentes à profissão policial”.

O presidente da Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR), César Nogueira, também criticou a proposta, realçando que se trata de um valor “ridículo” e “irrisório” que não dignifica o trabalho de um militar da GNR.

“Não podemos ser considerados polícia de segunda ou de terceira. Há outras polícias que já têm um subsídio de risco há vários anos”, disse, referindo-se aos elementos da Polícia Judiciária.

Os elementos da PSP e da GNR reivindicam um subsídio de risco idêntico ao da Polícia Judiciária, que é de cerca de 340 euros mensais.

César Nogueira admitiu ainda formas de luta, que podem ser em conjunto com os sindicatos da PSP, sustentando que os elementos das forças de segurança foram mais uma vez “desconsiderados” pelo Governo.

O secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna marcou uma nova reunião com os sindicatos da PSP e associações da GNR para 21 de julho, altura em que estas estruturas vão apresentar as suas propostas.

// Lusa

3 Comments

  1. Acho que as forças de segurança deveriam ser muito melhor remuneradas mas sim no seu salário base e não em algo que não faz qualquer sentido. Ou seja, através de um subsídio de risco. Mas então essas profissões não implicam um risco associado e inerente à profissão ? Mas agora, por exemplo, então um motorista vai exigir um subsídio de deslocação para poder trabalhar? Faz sentido?

    Ridículo, neste caso, são estas opções dos sindicatos dessas forças. Pensem, antes de fazer exigências esburacadas na sua génese.

  2. Para fazer gratificados no pingo doce já recebem muito. Peçam o subsídio às empresas que os contratam. Resolvido.

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