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PSD quer saber se matança “miserável” na Azambuja está relacionada com central fotovoltaica. Ministro exclui ligação

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PSD / Flickr

O líder do PSD, Rui Rio

O presidente do PSD defendeu que o Ministério Público deve investigar a matança “miserável” de 540 animais, na Azambuja, e averiguar se há alguma ligação entre o sucedido e a intenção de construir uma central fotovoltaica naquele local.

“Eu acho que a medida mais importante, e penso que já foi pedido isso, é uma investigação do Ministério Público [MP]. Acho que é absolutamente miserável aquilo que aconteceu ali, ainda por cima as pessoas viram as fotografias que mostram os animais todos no meio do chão, ainda choca mais a sociedade do que aquilo que chocaria se se soubesse que aconteceu, mas não houvesse fotografias. Choca qualquer um, é uma barbárie”, afirmou esta quarta-feira Rui Rio, citado pela agência Lusa.

O jornal  O Fundamental divulgou no domingo que 540 animais, a maioria veados e javalis, foram abatidos numa montaria nos últimos dias. O abate terá sido “publicitado” nas redes sociais “por alguns dos 16 ‘caçadores’ que terão participado” na iniciativa.

Para o líder social-democrata, que falava, no Porto, à margem de um encontro com Federação Nacional de Educação, a investigação ao sucedido é fundamental para esclarecer, por lado se houve crime e, por outro, para averiguar se há alguma ligação entre a matança e hipotética construção de uma central fotovoltaica.

“A investigação do Ministério Público, a mim, parece-me fundamental, até porque, entretanto, há a ideia de construir ali uma central fotovoltaica e já há pessoas a fazer uma associação se realmente aquilo não foi uma matança propositada para tirar de lá os animais que não podem lá estar se querem lá fazer a central fotovoltaica”, referiu.

“Tem de haver uma investigação do ministério publico. Cabe ao ministério publico ver se há aqui um nexo de causalidade (?) ou se não ou não algum crime”, rematou.

Na segunda-feira, o partido tinha já solicitado a audição do presidente do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) na comissão parlamentar de Agricultura e Mar, salientando a “onda de contestação a nível nacional e internacional” que está a gerar a morte de mais de 500 animais na Quinta da Torre Bela.

No mesmo dia, o ICNF abriu um processo para averiguar “os factos ocorridos e eventuais ilícitos” relacionados com estes abates.

Ministro exclui ligação

Também nesta quarta-feira, e ainda antes das declarações de Rui Rio, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, afirmou que “não há qualquer relação” entre a caçada e a construção de uma central fotovoltaica naquele local.

“Não é possível construir uma central fotovoltaica num espaço onde existem animais de grande porte, mas não há qualquer relação entre isso e a chacina que aconteceu na semana passada”, disse o ministro, que falava aos jornalistas à margem de uma visita às obras do plano de intervenção “Mondego Mais Seguro”, em Montemor-o-Velho.

O ministro do Ambiente e da Ação Climática salientou que a empresa que ganhou o concurso para a construção da central “já veio condenar essa chacina”.

“Existe alguma relação entre a instalação da central e a chacina perpetrada por 16 caçadores? Eu não encontro nenhuma. Está a decorrer a consulta pública do estudo de impacto ambiental [da construção da central], que propõe que dali sejam retirados os animais, dando exemplo de um sítio para onde podem ser retirados”, acrescentou, salientando que o estudo é apresentado pelo próprio promotor da obra.

Questionado pelos jornalistas, Matos Fernandes referiu que não tem “nenhuma razão para achar que houve conluio” entre empresa e caçadores.

“Quem irá construir a central fotovoltaica não tem nenhum direito. Enquanto não houver uma declaração de estudo de impacto ambiental ela não tem esse direito [de usar o terreno]. Quem fez o que fez ninguém tem dúvidas: é uma articulação entre donos do terreno que não vão fazer a central fotovoltaica, quem organizou [a caçada] e os 16 caçadores que lá estiveram”, frisou o ministro.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. A proibição de na Azambuja instalar qualquer tipo de organização/edíficio/central/projeto apoiado pelo governo deveria ser imediatamente imposta mesmo antes de passar à análise criminal do ocorrido.

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