Miguel Albuquerque, político experiente, apreciador de música e apaixonado por rosas, voltou hoje a vencer as eleições regionais da Madeira, mas tem agora pela frente a ‘espinhosa’ tarefa de negociar um entendimento que garanta estabilidade no parlamento.
Esta noite, o PSD venceu pela 12.ª vez consecutiva as eleições para a Assembleia Legislativa da Madeira, mas pela primeira vez desde 1976 sem maioria absoluta.
Apurados os resultados finais em todas as freguesias, o PSD obteve 39,46% dos votos, conseguindo fazer eleger 21 dos 47 deputados da Assembleia legislativa madeirense, à frente do PS, que obteve 35,76% e elegeu 19 deputados, e a 3 deputados dos 24 necessários para governar com maioria.
O CDS-PP, com 5,76% dos votos e 3 deputados, foi a terceira força política mais votada, seguido pelo JPP, com 5,47% e também 3 parlamentares. A CDU conquista um lugar, depois de alcançar 1,80% dos votos. Mais nenhum partido conseguiu eleger deputados para a Assembleia Legislativa da Madeira.
Cabe assim agora ao líder do PSD/M, Miguel Albuquerque, que chegou a ser considerado o ‘delfim’ de Alberto João Jardim mas que acabou por entrar em ‘rota de colisão’ com o histórico dirigente social-democrata antes de lhe suceder no partido e no executivo, a responsabilidade de negociar acordos ou entendimentos que lhe permitam governar a Madeira com alguma estabilidade nos próximos quatro anos.
O número dois da lista do CDS-PP, José Manuel Rodrigues, admitiu este domingo que o partido poderia formar uma coligação eleitoral com quem vencesse as eleições, ao afirmar que o seu partido pode ser decisivo na formação do futuro Governo Regional.
“Apesar desta bipolarização entre PSD e PS, o CDS mantém a sua representação parlamentar, e isso pode ser decisivo na formação do futuro governo da Madeira”, disse aos jornalistas. “O CDS disse desde o início que admitia fazer coligações eleitorais com o partido que ganhasse as eleições”.
“Não sei se isso será suficiente, mas o CDS está disponível para, sem partidos radicais, sem Partidos Comunistas, sem Blocos de Esquerda, sem geringonças, encontrar uma solução estável de governo para a Madeira e o Porto Santo para os próximos quatro anos”, frisou José Manuel Rodrigues.
Afirmando que o resultado do CDS está “aquém das expectativas”, José Manuel Rodrigues indicou que o partido “perdeu votos para os novos partidos do centro e da direita que, no seu conjunto, vão valer cerca de quatro mil votos”.
Catarina Martins assume “mau resultado”
A coordenadora do BE, Catarina Martins, assumiu hoje que o partido “teve um mau resultado” nas eleições regionais da Madeira e falhou o objetivo de eleger, lamentando que permaneça na região uma maioria de direita.
“O BE hoje teve um mau resultado nas eleições regionais da Madeira, não alcançou a representação parlamentar e portanto falhámos o nosso objetivo”, admitiu Catarina Martins, em conferência de imprensa na sede nacional do BE, em Lisboa.
A coordenadora do BE apontou a “enorme bipolarização” destas eleições e lamentou que se continue “com uma maioria de direita na Madeira”.
Questionada sobre se teme que estes maus resultados contaminem as eleições legislativas de 6 de outubro, Catarina Martins foi perentória: “as eleições nas região autónoma da Madeira sempre foram muito diferentes das eleições legislativas nacionais“.
O BE perdeu hoje os dois deputados que tinha conseguido conquistar em 2015 e deixou de ter representação parlamentar na Assembleia Legislativa da Madeira, perdendo 2.361 votos em relação às últimas eleições regionais, numas eleições que o PSD venceu hoje com 39,42% dos votos, mas perdeu, pela primeira vez, a maioria absoluta.
ZAP // Lusa