PS aprova abstenção no Orçamento. É o melhor para o país…ou para o PS?

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José Sena Goulão / Lusa

Pedro Nuno disse que negociar o documento diminuiu um dano que o Governo iria impor ao país. As jogadas políticas nesta “novela”.

Não houve surpresas: o Partido Socialista (PS) vai mesmo abster-se na votação do Orçamento do Estado para 2025.

A proposta do líder do PS, Pedro Nuno Santos, para a viabilização, através da abstenção, do documento foi aprovada por unanimidade pela Comissão Política Nacional do PS, adiantou à Lusa fonte oficial.

Esta votação aconteceu no final da reunião da Comissão Política Nacional do PS, que decorreu na noite de segunda-feira, na sede do PS, e terminou já depois das 01:30.

Ao longo cerca de quatro horas, os membros deste órgão partidário fizeram dezenas de intervenções sobre este ponto único da ordem de trabalhos, numa reunião que começou e terminou com discursos de Pedro Nuno Santos.

Fontes socialistas adiantaram à Lusa que o secretário-geral do PS defendeu dentro da reunião que a negociação do Orçamento do Estado permitiu diminuir um dano que o Governo ia impor ao país, considerando que os socialistas têm que fazer uma “oposição dura” e “apresentar uma verdadeira alternativa”.

Pedro Nuno Santos defendeu que a negociação com o Governo, que terminou sem um acordo, permitiu “diminuir o dano que o Governo ia impor ao país”, justificando o facto de ter negociado porque, para si, seria impensável “cheques em branco” ou dar um “salvo-conduto” ao executivo de Luís Montenegro para “fazer o orçamento que quisesse”.

O líder do PS disse não duvidar de que o PS fez bem em negociar com o Governo e considerou que sem acordo os socialistas estão descomprometidos com o orçamento, “mas comprometidos com o saldo orçamental”.

José Luís Carneiro, que disputou a liderança socialista com Pedro Nuno Santos, considerou que o líder do PS mostrou responsabilidade na posição sobre o orçamento e o partido foi a “solução para mais um impasse político”, disseram fontes socialistas à Lusa.

À saída da reunião foi ao presidente do PS, Carlos César, que coube falar aos jornalistas, tendo admitido que custa aos socialistas viabilizar este orçamento porque não gostam da proposta nem confiam no Governo, explicando que a decisão foi colocar o interesse nacional acima do interesse partidário.

“Se nos pergunta: custa-nos viabilizar este orçamento? Claro que nos custa. Nós não gostamos deste orçamento, nós não confiamos neste Governo, mas nós entendemos que primeiro está o país“, disse Carlos César.

“Estivemos aqui numa reunião de um partido que não gosta de um orçamento, que não confia num Governo, mas que ponderou o interesse nacional e aquilo que nos afigura mais importante, que era considerar que nesta situação de grande fragilidade que o país atravessa, com a conjuntura externa com riscos que não são de menosprezar, a melhor atitude seria a de evitar que houvesse uma paralisação da administração no país”, justificou o presidente dos socialistas.

Mas, além do alegado interesse nacional, esta abstenção também é do interesse do PS. Como destacou Bruno Vieira Amaral na rádio Observador, a viabilização do Orçamento do Estado é o melhor rumo para o PS e para Pedro Nuno Santos.

“Esta decisão não é generosa, em nome do interesse superior da nação. É em nome também dos interesses do PS”, comentou Bruno.

Se o líder do PS “cortasse a botija de oxigénio do Governo, provavelmente também ele ficava sem condições para respirar politicamente“, analisou o comentador, sublinhando que em eventuais eleições antecipadas, provavelmente o PS seria penalizado pelos portugueses.

Por outro lado, a esquerda estará muito desiludida com o facto de o “grandalhão do recreio” ter-se virado mais para a direita, afinal; e deixou os seus “amigos à esquerda” desiludidos.

ZAP // Lusa

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6 Comments

  1. O Orçamento de Estado para 2025 não serve o Interesse Nacional nem os Portugueses mas sim os interesses da Presidência, do Governo liderado pelo Sr.º Primeiro-Ministro, Luís Esteves, do Partido Socialista e restantes partidos na Assembleia da República, assim como daqueles e demais entidades que vivem à custa do dinheiro dos Portugueses que financia o Orçamento do Estado, daí a Abstenção do Partido Socialista, ficando assim provado a falência total deste regime em fim de ciclo a caminhar para um sistema de partido único representado por PS, PSD, PCP, CDS, L, CH, IL, BE, e PAN.
    «…Desde um extremo ao outro do espectro partidário português, estes partidos são todos iguais no seu conservadorismo de regime. Fingem se combater uns aos outros, só para enganar os Portugueses mais distraídos. Porém, estão alinhados, todos e ainda que em estilos diversificados, sob as mesmas batutas que controlam a imposição do sistema político-constitucional ainda vigente…» – Alberto João Jardim in «A Tomada da Bastilha»

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    • Queres tu dizer Figueiredo que tal como a monarquia estava moribunda em 1910, o estado novo estava moribundo em 1974, também este regime atual está moribundo, ao fim de 50 anos?

      • Vejamos dr. Fernandes, a Monarquia em Portugal acabou com o golpe de Estado de 1820, em 1910 o que estava moribundo – desde que foi parido – era o regime liberal, o Estado Novo em 1974 não estava moribundo como refere, muito pelo contrário, estava de vento em popa dando continuidade ao desenvolvimento e crescimento do País e bem-estar dos Portugueses apesar de combater em três frentes na Guerra Ultramar que se encontrava praticamente ganha, tendo tudo isto sido interrompido pelo golpe de Estado da OTAN realizado em 25 de Abril de 1974 pelos militares Portugueses seus vassalos e traidores à Pátria.
        O regime liberal que foi imposto a Portugal e aos Portugueses pelo referido golpe de Estado de 25 de Abril de 1974 assim como a ilegítima Constituição de 1976 (nunca foi sufragada pelo Povo Português), estão efectivamente num fim de ciclo, basta ver o situacionismo da Presidência, do Governo, e dos partidos que se encontram na Assembleia da República.

    • Provavelmente o dr. António Correia com o seu comentário deve estar a referir-se ao Partido Chega, mas é importante salientar que o Partido Chega é uma fraude, uma força política criada para tentar manter este regime ilegítimo, corrupto, criminoso, e anti-democrático, imposto pelo golpe de Estado da OTAN em 25 de Abril de 1974; os Portugueses ingénuos ou mais distraídos têm de perceber que estão a ser enganados.

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  2. É o melhor para ambos. Constitui uma derrota do radical que estava determinado a chumbar o orçamento. Este gajo vai de derrota em derrota. Se perde as autáquicas, fazem-lhe a cama dentro do partido. É o que faz seu um liderzeco – um artista vazio, com pés de barro.

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