/

Protesto dos polícias no Capitólio comunicado ao MP. Pedro Nuno deixa aviso

2

José Sena Goulão / Lusa

Polícias em protesto junto ao Capitólio, 19 de fevereiro de 2024

A PSP vai comunicar ao Ministério Público o protesto não autorizado de polícias junto ao Capitólio, na noite de segunda-feira, aquando do debate eleitoral entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro. O líder socialista deixou um aviso.

Centenas de polícias concentraram esta segunda-feira à noite, no Capitólio, em Lisboa, onde decorreu o debate eleitoral entre Pedro Nuno Santos (PS) e Luís Montenegro (PSD), num protesto espontâneo que não estava autorizado.

Vestidos de camisolas pretas e empunhando bandeiras de Portugal, os elementos da Polícia de Segurança Pública (PSP) e da Guarda Nacional Republicana (GNR) assobiaram, bateram palmas, gritaram e cantaram o hino nacional.

No frente-a-frente, com conhecimento do que se passava lá fora, os líderes do Partido Socialista (PS) e do Partido Social Democrata (PSD) reiteraram estar disponíveis para dialogar e chegar a um acordo sobre as reivindicações das forças de segurança após as eleições, mas Pedro Nuno Santos avisou que tem de haver respeito pela legalidade e que “não se negoceia sob coação”.

No arranque do debate, os dois líderes partidários foram questionados sobre qual a sua mensagem para as forças de segurança.

“A mensagem é muito direta: concordamos com a reivindicação que os polícias portugueses têm relativamente a uma injustiça que foi criada por este Governo”, atirou Luís Montenegro, reiterando que, “ato imediato” de um Governo que lidere, será iniciado um processo negocial “com vista a reparar esta injustiça”, numa referência ao suplemento de missão atribuído à Polícia Judiciária (PJ) e que as restantes forças de segurança reclamam.

Já o secretário-geral do PS recordou que também ele já se reuniu com a plataforma que representa estes profissionais.

“Considero importante que consigamos chegar a um acordo, as forças de segurança são fundamentais, mas quero deixar uma palavra de lamento”, disse, referindo-se, implicitamente, ao facto de a manifestação junto ao Capitólio não ter sido comunicada previamente às autoridades, como exige a lei.

O líder socialista considerou fundamental respeitar o direito à manifestação, mas com respeito: “Não se negoceia sob coação, temos disponibilidade total para chegar a um acordo, mas sempre no respeito pela legalidade”, avisou.

PSP comunica protesto ilegal

A PSP informou que vai comunicar ao Ministério Público a concentração de polícias junto ao Capitólio, por o protesto não estar autorizado, disse à Lusa fonte da Direção Nacional.

O porta-voz da PSP, Sérgio Soares, disse que a concentração de elementos da PSP e GNR estava autorizada na Praça do Comércio e tinha sido comunicada à autoridade competente, que é a Câmara Municipal de Lisboa (CML).

No entanto, o mesmo não aconteceu com o desfile que se seguiu, pela Rua da Prata, Praça do Rossio e Avenida da Liberdade, e com a concentração junto ao Capitólio.

Sérgio Soares explicou que, por a manifestação não ter sido comunicada à CML, a lei obriga a que haja comunicação ao Ministério Público.

A comandante responsável pelo policiamento junto ao Capitólio já tinha informado que o protesto não estava autorizada e que os promotores seriam identificados.

Os polícias dirigiram-se para o Capitólio, após uma concentração que juntou cerca de 3.000 elementos da PSP e da GNR na Praça do Comércio, junto ao Ministério da Administração Interna (MAI).

Ao contrário da manifestação na Praça do Comércio, organizada pela plataforma que congrega os sindicatos da PSP e associações da GNR, o protesto junto ao Capitólio foi marcado nas redes sociais pelo “movimento inop” e não tem a participação da plataforma sindical.

Durante o percurso entre a Praça do Comercio e o Capitólio, junto à Avenida da Liberdade, os manifestantes percorreram a rua da Prata, Rossio e Avenida da Liberdade, onde o trânsito teve de ser interrompido, uma vez que esta manifestação foi espontânea.

Muitos dos polícias que se concentraram no Capitólio foram desmobilizando ao longo do debate, mas alguns ainda se mantinham no local por volta das 22h00.

Os elementos da PSP e da GNR estão em protesto há mais de um mês para exigir um suplemento idêntico ao atribuído à Polícia Judiciária.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Não. Não foi uma manifestação.
    Foi uma afronta à democracia, perpetrada numa acção anárquico e irresponsaável, que além de não dignificar as forças, supostamente de de segurança, compromete a razão e objetivo da suas causas e deveres
    Uma vez mais, senti vergonha alheia e muitos arrepios, pelo ponto inadmissível a que chegaram, e que nenhuma razão, por mais justa que seja, pode aceitar, muito menos permtir.

  2. Sim é um abuso, quem veste a pele do lobo é lobo tambem. Vivemos no mesmo país, a lei que rege o cidadão comum é a mesma que os rege a eles, por isso sim, foi uma manifestação não consentida, não houve pedido para a mesma, o país continua a querer fraguementar-se entre cidadãos de primeira e por aí fora. Por isso entendo que alguém superior esteja atento e sim devem ser levantados inquéritos. O povo que cada vez é mais formado do que também sabe ajuizar e distinguir o bom senso do abuso.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.