Os especialistas em biologia marinha estão preocupados com a proliferação maciça de sargaço no Mar das Caraíbas e na África Ocidental — que está a ameaçar não só os animais marinhos mas também os humanos.
São inúmeros os benefícios que as algas marinhas nos trazem — do futuro verde do mobiliário ou da mineração até à última esperança de sobrevivência da humanidade num mundo pós-apocalíptico.
No entanto, a proliferação de sargaço, um género específico de algas, está a levantar problemas ambientais significativos.
Num novo estudo, publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, os investigadores procuraram localizar e estudar o sargaço, um género prolífico de algas marinhas .
A acumulação destas algas à superfície da água provoca o encalhamento dos barcos de pesca, ameaça o turismo, perturba os locais de nidificação das tartarugas, os recifes e mangais.
O sargaço liberta também gases tóxicos, que têm impacto na saúde humana e danificam equipamento elétrico.
Segundo o Phys.org, uma colónia flutuante destas algas estabeleceu-se entre a África Ocidental e a América do Sul, tendo aumentado de tamanho para formar “o grande cinturão de sargaço do Atlântico“, um aglomerado de algas com mais de oito mil quilómetros de comprimento e cerca de cinco milhões de toneladas.
Para entender o fenómeno, a equipa de investigadores propôs-se a aprender mais sobre a composição da biomassa do sargaço, com objetivo de desbloquear o seu potencial para ser utilizado na produção de produtos sustentáveis.
“As pequenas quantidades de sargaço que costumavam dar à costa nas Caraíbas constituíam um habitat para tartarugas, caranguejos e peixes e contribuíam para a formação de praias à medida que se decompunham”, explica Carla Machado, investigadora da Universidade de York e primeira autora do estudo.
“Mas o aumento de sargaço da última década é um problema global vai continuar a crescer e a ter um grande impacto nas zonas afetada”, acrescenta a investigadora brasileira.
Os investigadores testaram diferentes métodos de transformação das algas marinhas, incluindo a secagem ou a congelação, e concluíram que o teor de proteínas das algas marinhas se manteve inalterado.
As algas foram recolhidas na Jamaica ao longo de 2021. o que coincidiu com a erupção de La Soufrière, na ilha de São Vicente. Através de padrões de deriva, os autores calcularam que as amostras de sargaço teriam passado aproximadamente 50 dias expostas às cinzas da erupção.
Por sua vez, o método de transformação afetou os níveis de outros componentes, como o alginato, que pode ser usado em diversas aplicações, incluindo biomateriais.
Os resultados do estudo mostraram que a composição bioquímica do sargaço é consistente ao longo do ano.
No entanto, há nos próximos anos muito trabalho pela frente de modo a compreender melhor as algas e o seu comportamento — que possa servir de base a uma resposta internacional aos problemas que as algas colocam.