O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) prevê ter este semestre uma versão final do projeto de valorização e requalificação da antiga pedreira no concelho de Porto de Mós, em Leiria, onde foi descoberta uma praia jurássica.
Numa resposta escrita enviada à agência Lusa, o ICNF fez saber que conta ter a versão para a jazida, na freguesia de São Bento, “durante o segundo semestre de 2014”, estando “a ser avaliadas fontes de financiamento para a sua execução”, sendo que é ainda prematuro indicar os custos.
Em janeiro, os presidentes da Câmara de Porto de Mós e da Junta de São Bento manifestaram indignação por o ICNF ter autorizado a retirada do local de fósseis de equinodermes – estrelas-do-mar, crinoides e ouriços-do-mar -, tendo a segunda instituição solicitado contrapartidas.
O instituto justificou a remoção dos fósseis, a pedido do Laboratório Nacional de Energia e Geologia, com a necessidade de os salvaguardar da ação humana e meteorológica, dado que podem constituir, do ponto de vista científico, “exemplares tipo”, isto é, exemplares importantes na definição de uma nova espécie ou no “muito melhor” conhecimento das espécies existentes.
Um mês depois, o Parlamento aprovou uma resolução que recomenda ao Governo medidas de proteção e valorização da praia jurássica, na sequência da qual, em abril, o ICNF apresentou uma primeira versão do anteprojeto para a praia jurássica numa reunião com autarcas e outras entidades, incluindo da comunidade científica.
Réplicas, estacionamento e material informativo
Segundo o ICNF, o anteprojeto “visa traçar as linhas gerais da musealização do local, com o objetivo de criar condições de visitação do espaço por parte do público, permitindo o acesso e a observação dos exemplares fósseis e das estruturas sedimentares in situ, bem como a interpretação da paisagem envolvente”.
Entre as ações previstas está a instalação de dois passadiços, um para a visitação da laje, e outro, na crista do talude, que permitirá uma visão superior sobre a laje e a paisagem envolvente” e, também, a recuperação de uma ruína existente para apoio à visitação.
Atenuar o efeito erosivo das águas superficiais e colocar réplicas nos locais dos exemplares retirados são outros dos trabalhos previstos.
A intervenção contempla ainda a criação de uma zona de estacionamento, fora da área da laje, a requalificação da envolvente e a colocação de material informativo.
O instituto adianta que “os trabalhos de inventariação dos exemplares, bem como de investigação sobre as estruturas sedimentares recomeçaram na sequência desta reunião de trabalho, tendo sido descobertos, até à data, mais de 90 exemplares”, sendo previsível a descoberta de mais.
“Nesta fase, a par dos estudos científicos em curso no local, estão a decorrer em laboratório os estudos científicos dos [dois] exemplares que já foram retirados da laje, e o mesmo sucederá aos [nove] exemplares que serão ainda removidos, o que poderá levar à descoberta de novas espécies de equinodermes”, considera o instituto, salientando que estes “possuem elevada importância científica, devido ao seu grau e modo de preservação, à sua idade e raridade, e à sua alta concentração no local”.
/Lusa