Diretores das escolas destacam as alterações do “perfil do aluno”, ao passo que a vice-presidente da Ordem dos Psicólogos localiza a problemática na esfera da “saúde pública e com dimensão mundial”.
O primeiro período de aulas sem qualquer tipo de restrição relacionada com a pandemia deixou visível muitas das consequências que este período, marcados por confinamentos e privações da normal circulação, originou nos jovens, sobretudo ao nível da saúde mental.
Por exemplo, há cada vez mais jovens a recorrer aos Serviços de Psicologia e Orientação (SPO) dos agrupamentos escolares, num alerta deixado pelos diretores das escolas. Já a Ordem dos Psicólogos calcula que os pedidos de apoio tenham “praticamente triplicado” só este ano, nas escolas e nos serviços de saúde, tanto nos públicos como nos privados.
No centro das preocupações dos diretores das escolas estão, por exemplo, as alterações do “perfil do aluno”. Parecem estar “mais distantes, mais isolados, mais irrequietos, mais nervosos, mais ansiosos, mais tristes, menos tolerantes, menos atentos”. Como tal, Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) considera que são cada vez mais os alunos que procuram ajuda. “Sentimos isso e penso que é generalizado.”
O responsável, em declarações ao Jornal de Notícias, admite ainda que alguns agrupamentos não dispõem de recursos suficientes, defendendo que os 1100 técnicos especializados e contratados no ano passado deviam continuar no sistema.
O aviso é reforçado pela vice-presidente Ordem dos Psicólogos, que, apesar de não dispor de números, confirma o “efetivo aumento da procura por apoio”. Sofia Ramalho localiza a situação na esfera da “saúde pública e com dimensão mundial“. “Têm sido publicados diversos estudos que apontam para maiores níveis de “ansiedade, depressão, sofrimento psicológico, aumento de conflitos (bullying e ciberbullying) e de dependências, nomeadamente online.”
Sofia Ramalho ressalva o esforço que tem sido feito na contratação de profissionais para as escolas, apesar de serem contratos anuais, preferindo destacar a sua ausência “onde são mais precisos”: nos serviços de saúde. De acordo com as estimativas da Ordem, nos centros de saúde deveriam estar, “pelo menos, mais mil psicólogos”.