Processo de saída de Temido é “surreal”. Marques Mendes critica Costa e demora na substituição

Luís Marques Mendes considerou “surreal” o processo de saída da ministra da Saúde, Marta Temido, criticando, sobretudo, o primeiro-ministro. “Até há pouco, os portugueses culpavam sobretudo os ministros pelas falhas governativas. Agora passaram a culpar também o primeiro-ministro”.

“O processo da substituição é surreal. Ninguém percebe”, disse no domingo, no habitual espaço de comentário na SIC. “Se era tão urgente a saída, ao ponto de a demissão ser anunciada numa madrugada, por que é que a substituição leva duas ou três semanas?”, indagou.

E continuou: “Segundo, por que é que não se deixa para o novo ministro a criação da nova Comissão Executiva do [Serviço Nacional de Saúde] SNS? O normal é uma decisão de fundo ser tomada por quem entra e não por quem sai”.

Na sua opinião, o substituto terá de ter um perfil “mais reformador” e aí o nome mais indicado será Fernando Araújo, atual presidente do conselho de administração do Hospital de São João, no Porto. Se Costa quiser alguém mais “pacificador”, a escolha poderá ser Manuel Pizarro ou o atual secretário de Estado Lacerda Sales.

Ainda durante o comentário, indicou que a medida “mais emblemática” do pacote de apoio social que o Governo apresentará nesta segunda-feira será um “segundo aumento extraordinário que desta vez será para a generalidade dos reformados e pensionistas”, indicou o comentador Luís Marques Mendes.

O antigo líder do PSD lembrou que o plano será “robusto e impactante” e fica “um pouco abaixo dos dois mil milhões de euros”. Para o antigo líder do PSD não há dúvidas de que o plano “é muito urgente”, mas “é necessário e há condições financeiras para isso”.

De acordo com Marques Mendes, o Governo avançará com medidas nas áreas social, fiscal e da energia. Na área das rendas, a solução mais provável será um travão ao aumento anunciado: ou a imposição de um teto máximo para aumento de 2% ou a criação de um mecanismo de compensação para os inquilinos.

O pacote de medidas de apoio às famílias para fazer face à subida da inflação será aprovado no Conselho de Ministros Extraordinário, que, nesta segunda-feira, se reúne no Palácio da Ajuda a partir das 15:00.

Entre as medidas estará a atribuição de um cheque de 100 euros às famílias para ajudar a suportar o aumento dos custos com energia e alimentação. Os beneficiários das prestações sociais mínimas e da tarifa social de energia e os agregados de escalões de rendimento da classe média poderão vir a ser abrangidos.

Outra das medidas que poderá estar em cima da mesa é o adiantamento aos reformados de parte do aumento que estava previsto para o próximo ano.

Críticas ao PCP e elogios ao PSD

Marques Mendes comentou igualmente as recentes intervenções de Jerónimo de Sousa e de Luís Montenegro, na Festa do “Avante!” e na Universidade de Verão do PSD, respetivamente.

“Pela primeira vez na história da Festa do ‘Avante!’, o líder nem sequer fez intervenção de abertura. Um sinal de fragilidade”, disse.

“Percebem-se bem as razões da fragilidade: 2022 é um ano horribilis para o PCP. Primeiro, o desastre das eleições antecipadas; depois, o descalabro das posições que tomou em relação à Guerra na Ucrânia. O PCP é hoje um partido em perda e com um futuro sombrio”, referiu.

Já “o PSD está em recuperação, ainda que ligeira”. “Luís Montenegro teve o mérito de apresentar, por antecipação ao Governo, um programa de emergência social, concreto e quantificado. Isto não é normal num partido da oposição. Mas é bom para a democracia. A oposição não pode limitar-se a fazer críticas”, rematou.