O principal clã criminoso japonês, o clã Yamaguchi, tem a partir de agora uma página na Internet, noticiou hoje a agência francesa AFP.
Nessa página, os Yamaguchi apresentam mensagens contra a droga, cerejeiras em flor, ou o monte Fuji coberto de neve, ao som de um hino do clã.
Os vídeos mostram a chegada de um ‘yakuza’ (membro do clã), durante a noite e sob os flashes das máquinas fotográficas, a um templo xintoísta para fazer orações, ou de vários ‘yakuzas’ a participar nas cerimónias de Ano Novo.
Na galeria de fotos, há momentos de participação nos trabalhos de limpeza após o sismo de Kobe (oeste), em 1995, ou do maremoto de 2011 no nordeste do Japão.
Jornalista especializado no mundo dos ‘yakuza’, Jake Adelstein não parece convencido.
“A divisa dos ‘yakuza’ é ‘ajudar os fracos, combater os fortes’, mas na prática funciona ao contrário”, disse Jake Adelstein, jornalista especializado no mundo do crime organizado japonês e autor do livro “Tokyo Vice”.
Os negócios dos ‘yakuza’ são o jogo, tráfico de droga, prostituição, usura, extorsão, imobiliário e mesmo finança.
Este antigo jornalista do diário Yomiuri Shimbun não negou que nas grandes catástrofes naturais os ‘yakuza’ sejam úteis, nomeadamente “graça às relações com o mundo dos transportes, ou ainda devido à grande quantidade de dinheiro vivo de que dispõem”.
Na realidade, mesmo nas situações trágicas como o maremoto de 2011, os ‘yakuza’ continuam o negócio. Recentemente, foi divulgado que os trabalhadores contratados para as operações de descontaminação em redor da central nuclear destruída de Fukushima, foram recrutados por mafiosos e por salários miseráveis.
Mas desde que a polícia decidiu combater mais energicamente o crime organizado, até aqui muito tolerado, os ‘yakuza’ atravessam uma fase difícil: em 2012, de acordo com a polícia, o número de membros caiu 28% em relação há dez anos.
Atualmente, os ‘yakuza’ rondam os 63 mil – mais de 25 mil só no clã Yamaguchi -, de acordo com a AFP.
Tal como os “primos” italianos (a máfia), ou chineses (as tríades), os ‘yakuza’ são temidos mas, ao mesmo tempo fascinam a opinião pública, que acompanha as suas aventuras no cinema ou nas bandas desenhadas (‘manga’).
Ao contrário da máfia ou das tríades, os ‘yakuza’ são legais, e tem representações nas principais cidades japonesas.
Apesar das operações policiais regulares, a existência destes clãs é autorizada, apesar de algumas atividades serem proibidas.
De acordo com sociólogos, a presença dos ‘yakuza’ diminui efetivamente os delitos menores, “controlados” por estas organizações.
Cerca de 165 mil pessoas já visitaram o site dos ‘yakuza‘.
/Lusa