Primeiro satélite espião da Coreia do Norte despenhou-se no mar

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(h) KCNA

Kim Jong-un com a filha, Kim Ju-Ae.

Foguetão que transportava o primeiro satélite espião norte-coreano despenhou-se nas águas do mar. Lançamento deu origem a ordens de evacuação na Coreia do Sul e no Japão.

A Coreia do Norte disse que a tentativa de colocar esta quarta-feira em órbita o primeiro satélite espião do país fracassou, de acordo com meios de comunicação estatais.

O foguetão que transportava o satélite despenhou-se nas águas ao largo da costa ocidental da península coreana, depois de ter perdido o impulso após as etapas iniciais.

Cientistas estão a estudar a causa da falha, adiantou o comunicado.

Entretanto, o exército sul-coreano anunciou que está a recuperar os alegados destroços do satélite.

“Por volta das 08:05 de hoje (00:05 de Lisboa), os nossos militares identificaram um objeto que se acredita fazer parte do ‘veículo de lançamento espacial’ reivindicado pela Coreia do Norte nas águas a 200 quilómetros a oeste da ilha de Eocheong e estão em vias de o recuperar”, declarou o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul.

O foguetão foi lançado por volta das 06:30 locais (22:30 de terça-feira em Lisboa) da zona noroeste de Tongchang-ri, onde está localizado o principal centro de lançamento espacial da Coreia do Norte, disse o Estado-Maior Conjunto sul-coreano.

Seul afirmou que o foguetão teve “um voo anormal”, antes de cair na água. A Coreia do Sul referiu ainda que estava preparada militarmente, em coordenação com os Estados Unidos.

O secretário-geral do Governo japonês, Hirokazu Matsuno, disse aos jornalistas que nenhum objeto terá chegado ao espaço.

Este ano, a Coreia do Norte lançou cerca de 30 mísseis em resposta aos exercícios militares conjuntos EUA-Coreia do Sul. Responsáveis sul-coreanos e norte-americanos dizem que os simulacros são de natureza defensiva e foram organizados para responder à crescente ameaça militar da Coreia do Norte.

A Coreia do Norte já tinha avisado que planeava lançar o satélite e que este passaria pelo Japão.

Ordens de evacuação na Coreia do Sul e Japão

O lançamento norte-coreano deu origem a ordens de evacuação na Coreia do Sul e no Japão.

A capital sul-coreana, Seul, emitiu alertas através de altifalantes públicos e mensagens de texto para telemóveis, dizendo aos residentes para estarem preparados para deixarem as suas casas. No entanto, não foram registados danos ou perturbações de relevo e Seul acabou por levantar o alerta.

A Coreia do Norte alertou que o satélite passaria pelo Japão, que por sua vez avisou que não ia ficar a ver.

Também as autoridades nipónicas ativaram o sistema de alerta de mísseis para a prefeitura de Okinawa, no sudoeste do Japão, que se acreditava estar na trajetória do foguetão.

“Qualquer lançamento de míssil por parte da Coreia do Norte, mesmo que seja designado por ‘satélite’, constitui uma violação grave das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e um problema sério para a segurança das pessoas”, avisou Fumio Kishida, primeiro-ministro.

E reforçou: “Tomaremos medidas destrutivas contra mísseis balísticos e outros mísseis que possam aterrar no nosso território”.

Pyongyang criticada pelo lançamento

Um alto funcionário norte-coreano, citado pela agência de notícias Associated Press (AP), disse na terça-feira que o país precisava de um sistema de reconhecimento espacial para fazer face à escalada das ameaças por parte da Coreia do Sul e dos Estados Unidos.

Washington condenou veementemente Pyongyang pelo lançamento, que utilizou tecnologia de mísseis balísticos, em violação das resoluções do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

O secretário-geral da ONU, António Guterres, “exorta a República Popular Democrática da Coreia [nome oficial da Coreia do Norte] a retomar os esforços diplomáticos em direção à paz sustentável e à desnuclearização completa e verificável na península coreana”, disse o porta-voz do responsável da organização internacional, Stéphane Dujarric, na terça-feira, em comunicado.

“Qualquer lançamento usando tecnologia de mísseis balísticos seria contrário às resoluções relevantes do Conselho de Segurança”, concluiu.

ZAP // Lusa

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