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Primeiras sondagens dão “Não” no referendo

Yannis Kolesidis / EPA

Eleitor à saída da cabine de voto no referendo grego

Eleitor à saída da cabine de voto no referendo grego

Segundo os primeiros dados das exit polls, as sondagens à boca das urna realizadas esta manhã durante as votações no referendo grego, os cidadãos estarão maioritariamente a dizer “não” às exigências dos credores europeus.

Apesar destes primeiros resultados, especialistas citados pela agência noticiosa russa RIA Novosti não excluem que a situação possa mudar ao longo do dia.

A votação pode ser a mais importante na Grécia desde que o país aderiu à União Europeia. A afluência é maior do que nas eleições parlamentares antecipadas em janeiro, dizem os observadores.

É exigida uma participação de pelo menos 40% do eleitorado para que o resultado do referendo seja considerado válido.

As mais de 19 mil assembleias de voto abriram às 07:00 (05:00 em Lisboa) e fecham às 19:00 (17:00 em Lisboa), antecipando-se uma longa noite para os líderes europeus e para os principais atores financeiros.

O Governo grego surpreendeu toda a gente ao final do dia 26 de junho, ao anunciar um referendo durante as negociações, e ficou assim arredado de receber, pelo menos para já, cerca de 12 mil milhões de euros que estavam a ser negociados com os parceiros europeus até novembro, e mais de 3,5 mil milhões de euros vindos do FMI.

O referendo, o primeiro desde 1974, serve para os gregos decidirem se aceitam o programa apresentado pelos credores internacionais (Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu) há mais de uma semana.

Contudo, o programa já não existe, dado que Atenas falhou o pagamento de 1,55 mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI) a meio da semana passada.

Armando Babani / EPA

O primeiro-ministro da Grécia, Alexis, Tsipras, vota no referendo

O primeiro-ministro da Grécia, Alexis, Tsipras, vota no referendo

O executivo Syriza liderado por Alexis Tsipras, bem como a direita nacionalista ANEL e os neonazis do Aurora Dourada, defendem que a resposta à pergunta sobre se aceita o programa de ajuda externa que estava em cima da mesa deve ser o ‘Não’, argumentando que um novo mandato do povo grego dará mais força negocial a partir de segunda-feira, quando a ‘troika’ se sentar novamente à mesa com as autoridades gregas.

Do lado europeu, a interpretação é contrária: um ‘Não’ significa, na verdade, um não à zona euro e à Europa, dado que a Grécia não tem condições para continuar a usar a moeda única sem assistência financeira dos parceiros.

Do outro lado da barricada estão os partidos da oposição (Nova Democracia, de direita, o Pasok e o To Potami, ambos de centro-esquerda), que apostam num ‘Sim’ como forma de garantir a ajuda financeira que a Grécia desesperadamente precisa para manter o país a funcionar.

O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, confirmou que se demite se os gregos votarem “sim”.

Varoufakis transmitiu hoje uma mensagem europeísta ao afirmar que o referendo pode demonstrar que “a moeda única e a democracia são compatíveis entre si“.

“Durante cinco anos os fracassos incríveis do Eurogrupo conduziram a ultimatos sem qualquer sentido acerca dos quais o povo não podia pronunciar-se. Hoje, o povo pronuncia-se sobre o último ultimato do Eurogrupo e seus associados”, disse Yanis Varoufakis, depois de votar, em Atenas.

Alex Beltesx / EPA

Nos últimos dias, Yanis Varoufakis deixou claro repetidamente que, se não vencer o 'Não' no referendo, se demite imediatamente.

Nos últimos dias, Yanis Varoufakis deixou claro repetidamente que, se não vencer o ‘Não’ no referendo, se demite imediatamente.

O ministro, que foi votar na companhia do seu pai, classificou a tarefa de hoje dos gregos como “um momento sagrado, um momento de esperança para a Europa“, no qual se demonstra que “a moeda única e a democracia podem coexistir”.

O presidente da Grécia, Prokopis Pavlópulos, pediu hoje aos cidadãos para permanecerem “unidos” no “difícil caminho” que se avizinha, independentemente da opção que for escolhida hoje no referendo sobre a proposta dos credores internacionais em troca do resgate.

Antes do presidente votaram vários ex-primeiros-ministros, todos apoiantes do ‘Sim’, incluindo o último primeiro-ministro, o conservador Andonis Samaras.

Os primeiros resultados devem ser conhecidos a partir das 19:00 (hora em Lisboa).

ZAP / Lusa

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