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A primeira respiração. Cientistas captam imagens detalhadas dos pulmões de recém-nascidos

Uma equipa de investigadores captou imagens detalhadas dos pulmões de recém-nascidos quando estes respiraram pela primeira vez.

David Tingay, investigador do Murdoch Children’s Research Institute (MCRI), não tem dúvidas de que o nascimento é um dos eventos respiratórios mais mal compreendidos da medicina.

Por isso, uma equipa de cientistas levou a cabo uma investigação, na qual usou tecnologia de ponta, como tomografia de impedância elétrica (EIT), para conseguir imagens altamente detalhadas dos pulmões. O processo permitiu aos cientistas gerar imagens de alta resolução, nas quais se vê o ar a mover-se pelos pulmões a cada respiração.

A tecnologia não só permitiu à equipa ver profundamente os pulmões, como também mostrou ser o único método eficaz na obtenção de imagens contínuas destes órgãos sem usar radiação ou interromper os cuidados neonatais, que muitas vezes salvam vidas.

O estudo, publicado no dia 3 de fevereiro na revista científica American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, mostrou que os pulmões dos recém-nascidos são “muito mais complicados do que o que os métodos tradicionais de monitorização haviam sugerido anteriormente”, disse Tingay.

De acordo com o EurekAlert, o investigador está agora a analisar se o uso desta tecnologia em bebés prematuros pode ajudar a prever que crianças poderão desenvolver problemas pulmonares no futuro.

O primeiro choro de um bebé

Quando um bebé nasce, pais, parteiras e obstetras ficam satisfeitos por ouvir os primeiros gritos. “Chorar é um processo que areja rapidamente o pulmão, razão pela qual 80% de todas as respirações imediatamente após o nascimento são choro”, explicou David Tingay.

Esta investigação permitiu aos cientistas chegar à conclusão de que a expiração é também muito importante durante os primeiros choros. “Logo após o nascimento, o pulmão ainda corre o risco de colapsar e os espaços aéreos podem encher-se de fluido quando o bebé expira.”

“Os recém-nascidos são extremamente inteligentes, pois expiram após um choro”, o que significa que, com este processo, “movem o gás de regiões bem arejadas para as áreas dos pulmões que ainda estão cheias de fluido, evitando o colapso“, acrescentou o especialista.

“Melhorar as intervenções na sala de parto requer a compreensão dos processos que definem o sucesso e a falha respiratória no nascimento. Este estudo reduziu significativamente essa lacuna de conhecimento”, rematou.

Liliana Malainho, ZAP //

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