Na madrugada de segunda-feira, grande parte do mundo terá a oportunidade de desfrutar do espetáculo raro de um eclipse total da Lua em simultâneo com uma Super Lua – uma sobreposição que não acontecia desde 1982, e só volta a acontecer em 2033.
O eclipse total deve deixar a Lua completamente na sombra, pois a Terra ficará entre esta e o Sol. Já a Super Lua ocorre quando a Lua cheia ou nova se encontra em seu ponto mais próximo da Terra.
O Observatório Astronómico de Lisboa (OAL) descreve o que vai acontecer depois da meia-noite: a lua entrará na penumbra da Terra à 1h10, escurecendo progressivamente e adquirindo tons mais acinzentados. Às 2h07, a lua entra na sombra da Terra, começando a ficar com tons mais avermelhados e acastanhados, até que às 2h46 a lua estará no perigeu da sua órbita – o mais curto de 2015 – uma proximidade que faz com a lua apareça 14% maior no céu do que quando a lua cheia ocorre no apogeu.
O início do eclipse total ocorre às 3h11 – quando a lua entra totalmente dentro do cone de sombra da Terra -, que atinge o seu ponto máximo às 3h47 e termina às 4h24.
Embora fique totalmente na sombra, a lua não deixa de ser visível mas apresenta uma cor avermelhada e acastanhada – uma “lua de sangue” (Blood Moon, em inglês). Conforme descreve o OAL, este fenómeno acontece porque durante um eclipse lunar os raios solares incidem na lua após atravessarem a atmosfera terrestre, onde são dispersados e perdem uma grande quantidade de luz azul e verde (que ficam mais retidos na atmosfera). Assim, durante o eclipse, a lua não é iluminada com luz branca mas sim com luz mais avermelhada.
Pelo meio, às 3h50, ocorre o instante da fase de Lua Cheia – a super lua, que ao coincidir com a altura do máximo do eclipse, dá origem a um eclipse da super lua.
O fenómeno termina às 6h24, quando a lua sai completamente da penumbra voltando à sua tonalidade habitual.
Para os entusiastas de astronomia trata-se de um belo espetáculo celeste, mas para a agência espacial americana, a NASA, será motivo de alguma preocupação – e não, não estamos a falar do fim do mundo.
Os cientistas temem que a falta de luz solar devido ao eclipse deixe sem energia uma das suas naves mais importantes, a Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO), cuja missão é explorar e monitorizar o satélite natural da Terra.
“Duas coisas acontecem durante um eclipse: faz muito frio e não há luz para carregar as baterias. Com o eclipse, a nave vai ficar sem luz direta do Sol durante cerca de três horas”, disse à BBC o investigador da NASA Noah Petro.
Apesar dos receios da NASA, a agência espacial americana já passou, com êxito, por outros três eclipses lunares nos últimos 17 meses.
“É sempre stressante quando o eclipse está a aproximar-se, mas seguimos os mesmos procedimentos e até hoje não tivemos nenhum problema”, afirmou Dawn Myers, do centro de voos espaciais Goddard, que faz parte da NASA.
O que gera preocupação na NASA é que tecnologias semelhantes às da LRO enfrentaram dificuldades durante eclipses passados. No entanto, a LRO foi projetada já com esses problemas em mente.
“A previsão é que tudo ocorra com normalidade”, afirma Noah Petro. “Vamos pré-aquecer a nave e desligar todos os instrumentos, exceto um, para manter a nave segura”, explica, “como num telemóvel, sempre que recebo o alerta de que tenho 20% de bateria posso desligar o wi-fi ou algumas aplicações para poupar energia”.
O próximo eclipse lunar total deve ocorrer em 2018 e um eclipse lunar e Super Lua simultâneos só voltam a acontecer em 2033.
ZAP / BBC