Ministro do Ambiente considera preocupante baixo nível das albufeiras

António Cotrim / Lusa

O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes

O ministro do Ambiente e da Ação Climática considerou preocupante o baixo nível das albufeiras, sublinhando que a seca é um problema estrutural a sul do rio Tejo.

João Pedro Matos Fernandes considerou, esta segunda-feira, preocupante o baixo nível das albufeiras, sublinhando que a seca é um problema estrutural a sul do rio Tejo. “Não é o problema da seca que é preocupante, é mesmo o baixo nível das albufeiras, particularmente no sul do país e mais ainda no sotavento algarvio”, disse à Lusa quando questionado sobre a atual situação de seca em Portugal.

O último índice meteorológico de seca do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) indica que Portugal continental manteve-se no final de agosto em situação de seca moderada, sendo pontualmente severa no Baixo Alentejo e Algarve, em relação ao mês de julho.

“Os níveis da seca no final do verão são muito comuns aos que têm acontecido nos últimos anos, a seca mede-se no terreno, não nas albufeiras, por isso estamos num cenário de seca fraca a moderada, com alguma pequenas zonas onde existe seca extrema. Mas ao dizer isto podia parecer que a situação é pouco preocupante, mas existe preocupação e devemos preocuparmos”, precisou o ministro.

O governante, que falava à margem da cerimónia de assinatura do projeto “Roteiro Nacional para a Adaptação 2100 – Avaliação da vulnerabilidade do território Português às alterações climáticas no século XXI”, sublinhou também que a seca, a sul do rio Tejo, “já não é uma coisa conjuntural” (de anos em que chove menos), mas “é mesmo estrutural”.

“Portanto temos de ter ações de fundo e a principal ação de fundo é a eficiência, isto é, poupar mais água, gastar menos água nos diversos usos que fazemos dela”, defendeu.

1,3 milhões de euros

O Governo anunciou 1,3 milhões de euros para avaliar a vulnerabilidade do território português às alterações climáticas, um estudo que estará concluído em 2023 e projetará cenários até 2100. “Este estudo é fundamental para dar corpo ao desígnio maior que o país tem que é o de sermos neutros em emissões carbónicas em 2050, um projeto que implica uma significativa fatia em investimento”, disse à Lusa o ministro.

Segundo o Ministério do Ambiente, o projeto, que tem um financiamento total de 1,7 milhões de euros, 400 mil euros dos quais atribuídos pelo mecanismo financeiro EEA Grants e 900 mil da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), tem como “objetivo prioritário apoiar e dar resposta a exercícios de política pública de adaptação às alterações climáticas nos vários níveis de intervenção territorial”.

O Ministério do Ambiente explica que, através de um conjunto de projeções e estimativas de custos de adaptação às alterações climáticas para os setores económicos em 2100, o projeto agrega conhecimento de diversas instituições, que vão avaliar, de forma ampla, o impacto, a vulnerabilidade e o risco das alterações climáticas em Portugal, estabelecendo os resultados alcançados “diretrizes para os contextos micro e macroeconómico”.

As instituições envolvidas são a APA, enquanto promotora do projeto, Banco de Portugal, Direção-Geral do Território, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Instituto Português do Mar e da Atmosfera e a Direção Norueguesa de Proteção Civil.

“Um trabalho como este permite essencialmente ser capaz de definir, do ponto de vista económico e financeiro, de que investimento estamos a falar com mais detalhe, que custos é que lhes associam e muito particularmente qual é o custo da inação”, frisou o ministro, em declarações à Lusa.

João Pedro Matos Fernandes precisou também que as vulnerabilidades do território “são várias”, desde a seca, risco de desertificação e avanços do mar no litoral português. “Vamos pegar todo esse conhecimento e vamos quantificá-lo”, disse, referindo que são projetos para 80 anos, uma vez que 2100 é o ano máximo que consta do acordo de Paris.

O ministro acrescentou que o estudo é feito até 2023, mas vai definir cenários diversos para “o que podem ser os custos da inação e as necessidades de investimento” para Portugal ser neutro em carbono em 2050 e “projetando esses mesmos custos até 2100”.

// Lusa

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