Prédios de Hiroshima que sobreviveram à bomba atómica podem ser demolidos

Luca Sartoni / Flickr

O Antigo Centro de Exposição Comercial da Câmara de Hiroshima, localizado no Parque Memorial da Paz

A cidade japonesa de Hiroshima pretende demolir dois prédios que sobreviveram à bomba atómica de 1945, mas os moradores querem preservá-los e mantê-los como marcos históricos.

Os dois complexos, construídos em 1913, foram primeiramente utilizados como fábrica de uniformes militares e, depois, como acomodação para estudantes universitários. Serviu ainda como hospital de emergência após a bomba atómica atingir a cidade, noticiou a BBC.

Cerca de 80 mil pessoas foram mortas na sequência da bomba atómica e outras 35 mil ficaram feridas. Até 2018, 85 prédios construídos antes do ataque continuavam de pé, localizados a até cinco quilómetros do “marco zero” – o local onde a bomba caiu.

Os dois edifícios que podem agora ser derrubados sobreviveram à bomba porque foram feitos com concreto reforçado, com um exterior de tijolos vermelhos. Danos causados nas janelas de metal e nas portas ainda podem ser vistos.

Em 2017, as autoridades concluíram que esses prédios – hoje propriedade pública -, possivelmente cairiam ou sofreriam danos profundos em caso de forte terramoto. Como não são usados atualmente, e não estão abertos ao público, o governo local decidiu que devem ser demolidos até 2022.

Um terceiro prédio, no mesmo local, será preservado, e as suas paredes e teto serão restaurados e reforçados para resistir a terramotos, referiu a BBC.

No dia em que a bomba atómica atingiu Hiroshima, Iwao Nakanishi, agora com 89 anos, estava num dos prédios que devem ser demolidos. “Considerando a importância histórica de contar sobre essa tragédia às gerações futuras, não podemos aceitar a demolição”, disse ao jornal Mainichi, frisando que os mesmos devem ser usados para promover a “abolição de armas nucleares”.

A ruína mais famosa da cidade é a do Antigo Centro de Exposição Comercial da Câmara de Hiroshima, localizado no Parque Memorial da Paz, sendo considerado Património Mundial da UNESCO. O que restou do edifício passou por uma reforma para que se tornasse resistente a terramotos.

Hiroshima e Nagasaki

Durante a 2.ª Guerra Mundial, depois de os alemães se terem rendido, em maio de 1945, o Japão rejeitou um ultimato pela paz e continuou a guerra na Ásia. Os Estados Unidos atiraram então duas bombas nucleares, uma em Hiroshima e outra em Nagasaki, para forçar o país a render-se, sem por em risco a vida de soldados americanos.

A primeira bomba, lançada em Hiroshima a 06 de agosto, matou cerca de 140 mil pessoas – 80 mil morreram imediatamente ou nos dias que se seguiram e outras 60 mil devido a doenças provocadas pela radiação.

Esta foi a primeira vez que uma arma nuclear foi usada numa guerra. Quando uma rendição imediata não surgiu por parte do Japão, as forças norte-americanas lançaram uma segunda bomba, três dias depois, sobre a cidade de Nagasaki, matando mais de 70 mil pessoas. O Japão rendeu-se seis dias depois.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.