Poupanças da Cáritas de Lisboa mais do que duplicaram durante a crise

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O presidente da Cáritas Diocesana de Lisboa, José Frias Gomes

O presidente da Cáritas Diocesana de Lisboa, José Frias Gomes

A Cáritas Diocesana de Lisboa mais do que duplicou as suas poupanças, amealhando quase 1,3 milhões de euros entre 2007 e o 2015, período em que o país atravessou uma das mais graves crises económicas das últimas décadas.

Os dados são revelados pelo jornal Público, segundo o qual o “pé-de-meia” da Cáritas Diocesana de Lisboa (CDL) aumentou 1.3 milhões de euros em 9 anos.

Em março, uma investigação do mesmo jornal tinha revelado que a instituição criada pela igreja católica tem, há mais de uma década, mais de 2,4 milhões de euros no banco, além de imóveis avaliados em quase 1,4 milhões de euros.

Segundo o jornal adiantou então, as contas da instituição criada pela igreja católica “não batem certo” com os dados apresentados pelo Ministério do Trabalho e da Segurança Social, e o Ministério Público instaurou um inquérito contra o presidente da Cáritas de Lisboa e o responsável pelas finanças da Instituição.

A investigação do DIAP foi aberta, apurou então a RTP, após uma “denúncia de alegada burla qualificada” que põe em causa a gestão do presidente da CDL, José Frias Gomes, e do cónego Álvaro Bizarro, conhecido como o “ministro das Finanças da Igreja”.

Segundo afirmou então em comunicados e declarações à imprensa o seu presidente, os cerca de 2,4 milhões de euros que a instituição tinha em depósitos bancários e aplicações financeiras no início de 2016 eram “fruto exclusivo do trabalho de anteriores direcções”.

Segundo o Público, estas declarações deixam a entender que a direcção da instituição tinha herdado essas reservas em 2006, altura em que iniciou seu o primeiro mandato, mas na verdade o pecúlio então herdado era inferior a 1,2 milhões de euros, não tendo cessado de aumentar desde então, com excepção de 2010, em que registou ligeira quebra.

Analisando as contas da instituição entre 2006 e 2015, agora facultadas pelo Instituto da Segurança Social, o jornal assinala que apesar de a Cáritas “se queixar frequentemente de falta de meios”, não só nunca precisou de mexer nas poupanças herdadas, como estas mais do que duplicaram.

600 mil euros por explicar

Em entrevista dada em março à revista Sábado após a divulgação pelo Público da existência dos 2.4 milhões de euros em depósitos, o presidente da instituição adiantou que a soma de depósitos e aplicações financeiras era de apenas 1,6 milhões de euros.

Frias Gomes não apresenta qualquer justificação para a redução de quase 900 mil euros em pouco menos de um ano nas poupanças da CDL, e, diz o Público, o site da instituição “não reflecte nenhum investimento ou despesa imprevista” que tenha ocorrido no mesmo período.

Segundo o jornal, os planos de actividades para 2016 e 2017, que estão disponíveis no online, não fornecem qualquer pista sobre a existência de projectos que possam explicar tal redução dos depósitos e aplicações, com excepção da aquisição de uma loja por cerca de 300 mil euros.

Segundo apurou o Público, em setembro do passado a Cáritas de Lisboa comprou ao BCP uma loja numa nova urbanização de Campolide, por 320 mil euros, “sem ter tentado que a Câmara de Lisboa lhe cedesse, a preços muito inferiores aos do mercado, o espaço de que necessitava”.

O jornal pediu à CDL que esclarecesse as questões abordadas na sua matéria desta segunda-feira, tendo a direcção informado que as respostas solicitadas “serão dadas em sede própria e a quem de direito”.

ZAP //

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