Todos os portugueses imunizados após esta vaga. Covid será como gripe ou herpes

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Miguel A. Lopes / Lusa

Pessoas à espera, numa fila, para fazer um teste de deteção à covid-19

Especialistas defendem que após fevereiro será altura de o país “preparar o pós covid-19”.

Todos os portugueses estarão imunizados após a atual vaga da pandemia, o que deverá acontecer depois fevereiro, e a covid-19 vai evoluir para uma “doença residente” como a gripe ou a herpes, prevê o Instituto Superior Técnico (IST).

“Entre vacinação e infeção, depois do final de fevereiro toda a população terá alguma imunidade ao vírus” que causa a covid-19, adianta o relatório do grupo de trabalho de acompanhamento da pandemia do IST da Universidade de Lisboa que a Lusa teve acesso.

O documento adianta que, uma vez que toda a população residente em Portugal terá algum tipo de imunidade após esta vaga pandémica, a partir de meados de fevereiro é a altura de “preparar o pós covid-19 em Portugal”.

“Os sistemas de saúde terão agora de preparar a resposta para as pessoas em número a estimar que poderão sofrer de `longo covid´ e manter alguma reserva de resposta para eventuais variantes”, alertam Pedro Amaral, José Rui Figueira, Henrique Oliveira e Ana Serro, que compõem o grupo de trabalho coordenado pelo presidente do IST, Rogério Colaço.

O documento sublinha ainda que a “imunidade de grupo não se poderá alcançar e este vírus passará a fazer parte das preocupações futuras, como a gripe sazonal e muitas outras doenças”.

“Podemos considerar que a covid-19 passará a ser uma doença residente na Europa em geral e em Portugal em particular. O que não obsta a que se relaxem os mecanismos da avaliação, monitorização e resposta a esta doença em geral e a outras pandemias que, no futuro, são expectáveis”, alerta o relatório.

Segundo preveem os especialistas do Técnico, a covid-19 passará a ser uma doença a “longo prazo como em tempos foram poliomielite, sarampo ou varíola” ou, atualmente no mundo, a “dengue, febre-amarela, gripe, hepatite, herpes, HPV e SIDA, entre tantas outras”.

Em termos epidemiológicos, o relatório com dados de terça-feira alerta que o índice de transmissibilidade do vírus (Rt), depois de ter estado em “travagem forte até 19 de dezembro”, registou uma inversão da tendência de descida, o que tem como “explicação a explosão de contágios nas escolas (classe entre zero e 9 anos) e a campanha eleitoral” para as eleições de domingo.

No pico da incidência da atual vaga pandémica, Portugal deve atingir um valor real de 150 mil casos de infeção, dos quais serão visíveis apenas 60 mil a 65 mil casos que se obtém ao nível de saturação de testes.

“Prevemos que, em média a sete dias, não se supere os 50 óbitos por dia até 31 de janeiro”, refere o documento, referindo que, relativamente aos isolados, a campanha eleitoral “extremamente participada e os contágios descontrolados nas escolas” levaram estes números a superar mais de um milhão.

“Prevemos um número de casos em isolamento acima de 1.050.000 para o dia 30 de janeiro”, o que terá como consequência que o pico da incidência ocorra mais tarde, entre o início de fevereiro e o dia 12 do mesmo mês.

“As autoridades terão de contar com um número efetivo de eleitores isolados a pretenderem votar, descontando os que votaram em voto antecipado, os abstencionistas prováveis e os menores de 18 anos, de um número previsível situado entre 300 mil e 450 mil eleitores reais (em situação de isolamento) a irem às câmaras de voto”, adianta o relatório do IST.

// Lusa

6 Comments

  1. Antes da vacinação já existia uma boa parte da população viu o seu sistema imunitário mais preparado dado o numero de pessoas inicialmente infetadas, e suspeito que uma parte importante dos louros desse reforço (e consequente baixa de hospitalização) tenham sido colhidos pela vacina.
    Onde a vacinação , mascaras e lockdowns pouco influenciaram este resultado inevitável.

  2. Onde está o SNS? Os serviços de saúde de consultas externas dos Hospitais Públicos estão a desmarcar e adiar consultas de especialidade médica para o ano 2024 :-(. Que SNS é este que não dá resposta aos cidadãos e contribuintes com doenças não COVID19. Há óbitos diários por patologia COVID19 e há mortos por inobservância de assistência médica hospitalar. Deixem morrer! O bem jurídico da vida humana está comprometido em Portugal.

  3. Os Enfermeiros e os médicos do SNS com mais de 20 anos de tempo de serviço e por causa da Governação política deviam refletir sobre a Axiologia da Saúde Humana em Portugal. A organização do trabalho e as regras de Gestão de expectativas do crescimento profissional ao longo da idade profissionais são fundamentais para a Justiça Laboral e Social. Um Enfermeiro Especializado com larga experiência e elevadas qualificações aufere igual rendimento de trabalho que um Enfermeiro recém formado e pouco experimente. Os Governantes não sabem o que é chefias, direções de serviços e não sabem qual a lógica de ser das Carreiras profissionais?!

  4. E os contribuintes com doenças Não COVID19 a quem devem pedir socorro em situação de risco de vida por agravamento da doença? A avalanche da procura agregada por consumo de serviços de saúde vai acontecer. As complicações de saúde humana vão surgir no médio prazo. No futuro próximo, onde e como estará o SNS? Já esqueceram da necessidade de manter a Rede Nacional de Emergências Médicas e da Proteção Civil que tem por base o SNS? E se Portugal sofresse um fenómeno de Catástrofes Naturais (Sismo, Terramoto, Tsunamis, Tornados Urbanos, etc) e Acidentes aéreos, como está o Protocolo de Emergência e Evacuação e Salvamento da proteção civil?!

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