São responsáveis não apenas pela Internet, mas também por transportar informação, inclusive de segurança nacional. Um deles tem 45 mil quilómetros e liga 33 países. Se fossem cortados, não havia hospitais, economia ou… rede.
Os cabos submarinos são “uma infraestrutura crítica fundamental ao funcionamento do Mundo”. Assim diz Manuel Cabugueira, administrador da Anacom (autoridade Nacional de Comunicações), ao JN.
Têm “um potencial enorme, não só em termos de defesa, mas noutras perspetivas também”, explica. Estes cabos são, nomeadamente, responsáveis por 97% da Internet em Portugal.
São responsáveis pela transmissão de informação, que pode ser a mais trivial ou assuntos de extrema importância, como segurança nacional. E há novos cabos que chegam mesmo a identificar movimentos do fundo do mar, que podem detetar sismos e tsunamis, ou navios inimigos.
No mundo, são mais de 600 cabos submarinos de fibra ótica, com espessuras de simples mangueiras, mas que transmitem informações essenciais entre países. 20 deles estão amarrados em Portugal: em Carcavelos, no Seixal e em Sesimbra.
Os mais recentes transportam centenas de terabites de dados por segundo.
O maior cabo que por aqui passa é o 2Africa, que tem 45 mil quilómetros de comprimento e liga Portugal a 33 países (cada país redistribui o sinal a outros). É assim que Portugal se conecta com o Mundo, recebe informação e rede, essenciais para o normal funcionamento dos serviços básicos, como hospitais ou comércio.
“Temos uma histórica deficiência marítima e aérea em controlar tudo o que se passa”, comenta Sandra Fernandes, especialista em Relações Internacionais, o que, acrescenta, é preocupantes, uma vez que Portugal “é o país da UE com maior área em Zona Económica Exclusiva”.
Nos últimos meses, no norte da Europa, ocorreram sabotagens a cabos submarinos. De acordo com o tenente-coronel do Observatório de Segurança João Alvelos, os impactos do corte desses cabos foram pouco significativos uma vez que a rede era trazida por outros cabos que não tinha sido sabotados (as chamadas redes de redundância).
No entanto, num cenário de ataque em larga escala, ou seja, a vários cabos, os impactos seriam “terríveis”.
Os navios não-NATO “boicotam os cabos com âncoras, muitas vezes não visíveis, a fazer uma viagem na rota dos cabos até que haja um cabo que se entrelace nessa âncora. Aconteceu agora na Finlândia. Por isso é que é importante monitorizar todos os movimentos”, diz o especialista.
“Romper um cabo destes é parar a troca de informação durante seis meses, com um bocado de sorte. São seis meses a um ano. E tenho dúvidas que exista um submarino capaz de os reparar”, explica.
“Quando houver uma disrupção deste sistema vai-nos afetar a todos”, confirma residente do Observatório dos Ecossistemas e Infraestruturas Digitais, Luís Bernardino. Isto “obriga-nos a investir na segurança“, acrescenta.