Portugal obrigado a devolver seis mil milhões em dívida pública

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Julien Warnand/EPA

Fernando Medina, ministro das Finanças

O reembolso está a arrancar mais cedo do que no ano passado, com o objetivo de se antecipar à incerteza do resultado das eleições nos EUA em novembro.

Portugal enfrenta hoje uma grande operação de reembolso de dívida pública em que tem de devolver seis mil milhões de euros em Obrigações do Tesouro (OT) a investidores, numa data considerada prematura em comparação com o ano anterior.

Esta estratégia de reembolso, realizada num contexto de incerteza eleitoral, visa evitar maiores incertezas durante as eleições norte-americanas no final do ano. A decisão reflete uma gestão cautelosa das expectativas em torno das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE) e do ambiente eleitoral nos Estados Unidos.

Até ao momento, Portugal já emitiu 7.483 milhões de euros em dívida, ultrapassando metade do montante esperado para o ano, que é de 13,9 mil milhões de euros. O reembolso atual diz respeito a uma linha de OT com um cupão de 5,65%, aberta em 15 de fevereiro de 2013, representando o juro mais elevado entre as linhas de dívida pública portuguesa atualmente ativas.

A antecipação deste reembolso, em outubro do ano passado, através da aquisição de 250 milhões de euros dessas OT no mercado, é uma estratégia para aproveitar condições de financiamento mais favoráveis, explica o Jornal de Negócios.

Na véspera deste grande reembolso, Portugal conseguiu colocar 1.784 milhões de euros em OT a cinco, dez e 28 anos, com as taxas de juro a refletir um aumento em relação aos leilões anteriores, indicativo da mudança nas expectativas de corte das taxas de juro pelo BCE. A procura foi superior à oferta em todas as maturidades, evidenciando um mercado ainda recetivo à dívida portuguesa apesar do aumento do prémio de risco nacional e das taxas mais elevadas.

Apesar do aumento dos prémios de risco, Portugal mantém-se como um dos países periféricos com o spread mais baixo em relação à Alemanha, beneficiando de uma tendência de redução do seu nível de endividamento face ao PIB.

 

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