Mais de 40 empresários, economistas e peritos subscreveram uma carta aberta que pede ao Presidente da República e ao Parlamento um debate urgente sobre o Plano Ferroviário Nacional, “que não tem e não terá o apoio dos subscritores”.
“Na sua visão retrógrada e nacionalista é um plano fora do seu tempo”, lê-se na missiva divulgada pela TVI/CNN Portugal. Os assinantes da carta aberta argumentam que a política ferroviária da última década opõe-se aos objetivos europeus de interoperabilidade ferroviária.
“Note-se que 70% das nossas exportações são para a Europa e destas 80% (em valor) fazem-se por rodovia, o que é um modelo insustentável por razões ambientais e energéticas, além de condenado pela União Europeia”, lê-se no documento.
A captação de investimento estrangeiro na indústria portuguesa não se compara a Espanha, que recentemente anunciou mais de 30 mil milhões de euros.
“Não criamos condições para a permanência em Portugal de centros de produção internacionais geradores de valor acrescentado ligados a setores relevantes da indústria global e cruciais no processo de reindustrialização europeu”, escrevem os signatários.
“O Plano Ferroviário agora apresentado pelo Governo é um plano caseiro, não interoperável com o resto da Europa, desenhado para impedir a entrada em Portugal da concorrência ferroviária europeia”, lê-se ainda.
As 13 associações empresariais que subscrevem o documento denunciam ainda a falta de ligações a França e ao resto da Europa em linha de bitola europeia — algo que os nosso vizinhos espanhóis já garantiram, por exemplo.
“Se nada fizermos, daqui a 20 anos olhamos para o mapa e vemos os espanhóis ligados à Europa através de França, com linhas de bitola europeia. Nós ficaremos aqui, marginais e periféricos. No fundo, uma ilha face ao continente europeu”, diz José Couto, da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA).
“E, até lá, a nossa economia vai perdendo competitividade e o País vai empobrecendo. Não será preferível antecipar a nossa interoperabilidade, em vez de estar a adiá-la?”, perguntam os subscritores da carta aberta.