Portugal desperdiçou quase 900 milhões de euros de financiamento europeu

As linhas de crédito do Banco Europeu de Investimento, destinadas a apoiar as empresas portuguesas, ficaram maioritariamente na gaveta.

Desde 2018, Portugal teve à sua disposição 890 milhões de euros em linhas de crédito provenientes do Banco Europeu de Investimento (BEI), destinados a fomentar o tecido empresarial no país. Contudo, quase todos estes fundos ficaram por utilizar, levando ao cancelamento das linhas de crédito por parte do BEI, avança o ECO.

Este montante financeiro significativo foi disponibilizado inicialmente à Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD), posteriormente integrada na Sociedade de Garantia Mútua, que deu origem ao Banco Português de Fomento (BPF). O objetivo era apoiar projetos de investimento de empresas portuguesas através de condições financeiras vantajosas, incluindo baixas taxas de juro e prazos alargados.

O primeiro acordo entre o BEI e a IFD, no valor de 100 milhões de euros, fazia parte de uma linha de crédito maior, de 250 milhões de euros, destinada a injetar liquidez no sistema bancário nacional. No entanto, apesar das boas intenções e das vantagens oferecidas, a linha de crédito teve uma execução muito aquém do esperado. Até 2020, apenas 28 empresas tinham sido apoiadas, com um financiamento aprovado de 46 milhões de euros, deixando uma grande parte do montante disponível por utilizar.

A falta de procura por estas linhas de crédito é atribuída a diversos fatores, incluindo a melhoria do rácio entre depósitos e crédito nos bancos, que reduziu a necessidade de liquidez adicional. Além disso, o custo associado ao levantamento destes fundos representou um impedimento adicional para as instituições bancárias.

O cancelamento das linhas de crédito subutilizadas levanta questões sobre a capacidade de Portugal de alinhar as ofertas de financiamento com as necessidades reais do mercado, bem como sobre a eficácia dos mecanismos de distribuição e utilização de fundos destinados ao desenvolvimento econômico.

Apesar deste revés, o BEI e o BPF prometem manter a colaboração no futuro, ajustando as opções de financiamento às necessidades do mercado. “O BEI e o BPF mantêm uma comunicação contínua para ajustar opções de financiamento às necessidades do mercado, de forma a contribuir para a competitividade da economia portuguesa e ao mesmo tempo promover a transição verde e digital do país”, explica uma fonte do BEI.

ZAP //

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