O Governo espanhol vai introduzir portagens em 12 mil quilómetros de “vias rodoviárias de alta capacidade”. Esta medida está a preocupar os operadores rodoviários portugueses que têm de atravessar o país, perante o previsível aumento dos custos das exportações.
O Público noticia, esta quinta-feira, que Espanha vai introduzir portagens em 12 mil quilómetros de “vias rodoviárias de alta capacidade”, uma medida que deverá ser estendida a outras estradas geridas pelas comunidades autónomas.
Os operadores rodoviários portugueses estão preocupados, uma vez que os custos das exportações realizadas por esta via deverão aumentar. A medida está incluída no Plano de Recuperação, Transformação e Resiliência do Governo de Pedro Sánchez
Segundo o diário, a medida afeta sobretudo as autoestradas que ligam Vilar Formoso a Burgos (360 quilómetros) e Caia a Madrid (400 quilómetros), que, até ao momento, são gratuitas.
Nestas vias, segundo o jornal, passam 45% dos veículos pesados de mercadorias que cruzam as fronteiras portuguesas.
A Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) estima um aumento dos custos entre 6% e 8% nas exportações para França e de 5% a 7% para a Alemanha.
Os cálculos da associação, baseados nos preços praticados noutras estradas espanholas, estimam ainda que haverá um aumento de 90 euros por cada camião que faça a travessia entre Vilar Formoso e a fronteira de Irún e de 60 euros entre Madrid e a fronteira do Caia.
“Estas decisões políticas que se replicam no nosso país e não apenas em Espanha, são exageradas, feitas na prossecução do que se pode designar como uma moda e não têm em conta o real impacto que vão gerar na economia. São, aliás, decisões encapotadas, pois o verdadeiro desiderato é o da captura de receita”, considera Pedro Polónio, presidente da Antram.
“Os políticos parecem não admitir que a rodovia, dentro de poucos anos, poluirá tanto ou tão pouco quanto o ferroviário, ou seja, não poluirá. Não tardarão muitos anos até que os camiões sejam elétricos, sobretudo para as distâncias menores, ou a hidrogénio, para as largas distâncias”, acrescenta.