Parecem inofensivas e bastante práticas para viajantes. Mas cada vez mais companhias aéreas as consideram um perigo — já provocaram acidentes e a culpa é do lítio.
Uma powerbank com uma bateria de lítio foi considerada a possível fonte de um incêndio num avião da Air Busan em janeiro. Isto porque os investigadores descobriram “várias marcas de fusão elétrica nos restos de um carregador de bateria”, explica a CNN.
Mas não foi uma caso isolado: de acordo com dados da Administração Federal de Aviação dos EUA, as baterias de lítio já foram protagonistas de mais de 500 incidentes durante voos nas últimas décadas, provocando desde fumo, fogo ou calor extremo dentro dos aviões.
De acordo com algumas companhias aéreas, portanto, estas baterias de iões de lítio constituem um perigo, e a sua utilização incorreta ou muito uso podem causar problemas e torná-los inflamáveis, provocando uma reação chamada “fuga térmica”.
“As baterias de lítio podem atuar como uma fonte de ignição ou como uma fonte de combustível para um incêndio iniciado noutro local. O risco potencial como fonte de ignição aumenta quando as baterias de lítio estão danificadas, inchadas, incluem defeitos de fabrico, são sobrecarregadas ou sobreaquecidas”, explica a designer aeroespacial Sonya Brown.
Na Coreia do Sul, por exemplo, o governo proibiu os passageiros de voos em todo o país de guardar estes dispositivos, bem como os cigarros eletrónicos, nas cabines superiores dos aviões. Podem entrar nos aviões, mas têm de ser guardadas debaixo do assento.
As powerbanks também não podem ser carregadas através da entrada USB dos aviões. “As tomadas de uma power bank devem ser cobertas com fita adesiva ou colocadas numa bolsa protetora ou num saco de plástico (por exemplo, um saco com fecho de correr) para não tocarem noutros metais”.
A companhia Air Asia também proibiu o uso destes dispositivos durante os voos, e a EVA Air, China Airlines e Uni Air, seguiram o exemplo.
Para viagens de longo curso, pode ser complicado passar sem elas, principalmente se tiver de trabalhar ou estiver a usar um computador ou telemóvel para ver filmes ou séries. Mas cada vez mais as companhias aéreas estão a tornara sua proibição numa rprática corrente.
Posso levar powerbanks para um voo?
Sim, em bagagens de mão, na maioria das companhias aéreas. A maior parte delas não permite mais do que duas por passageiro, e não superiores a 43.000 miliamperes por hora (mAh).
A companhia low-cost Ryanair, por exemplo, que segundo o Jornal de Negócios é a segunda companhia que os portugueses mais utilizam (depois da TAP), escreve nas suas políticas de voo que “se o auxiliar de mobilidade a bateria de iões de lítio contiver uma bateria firmemente fixada ao dispositivo”, então é possível “transportar na cabina, no máximo, uma bateria de reserva que não exceda 300 Wh, ou duas baterias de reserva que não excedam 160 Wh cada”.
De acordo com a CNN, uma bateria de 100 Wh (27.000 mAh para uma bateria típica de 3,7 volts) é suficiente para carregar um iPhone 13 Pro Max cerca de três a quatro vezes.
Na TAP, cuidado com cigarros eletrónicos
A companhia aérea mais utilizada pelos portugueses em 2023 foi a TAP — foi a que operou mais voos e transportou mais passageiros.
De acordo com o site da companhia portuguesa, não é permitido transportar na bagam de porão cigarros eletrónicos. Só pode levá-los na bagagem de mão, mas estes não podem ser carregados durante o voo.
No que toca a “dispositivos eletrónicos portáteis para uso pessoal alimentados por baterias de lítio metálico ou de iões de lítio”, a companhia é permissiva, desde que não exceda as 15 unidades. Única condição: “o conteúdo de lítio metálico não pode exceder 2 g e, no caso das baterias de iões de lítio, a capacidade não pode exceder 100 Wh”. Powerbanks não podem ser mais de duas por passageiro.