Por que nunca foram encontrados os corpos dos passageiros do Titanic?

Em naufrágios muito anteriores ao do Titanic, foram encontrados corpos dos malogrados passageiros e tripulantes. Por que motivo então nunca foram recuperados os dos passageiros do mítico “navio inafundável”?

Mais de 111 anos após o seu naufrágio, o Titanic continua a fascinar e surpreender o público. Uma das questões que intriga os mais atentos ao assunto é razão pela qual nunca foram encontrados os corpos dos passageiros.

Com efeito, apesar das inúmeras expedições ao local do naufrágio, desde a sua rdescoberta, em setembro de 1985, nunca foram encontrados restos humanos a bordo.

“Nunca vi restos humanos”, disse o cineasta James Cameron, realizador de “Titanic”, de 1997, que visitou e explorou o naufrágio 33 vezes — e que admitiu em 2012, em entrevista ao The New York Times, que já tinha passado mais tempo no navio do que o seu capitão, Edward Smith.

“Vimos roupas. Vimos pares de sapatos, o que sugere fortemente que houve um corpo ali em algum momento. Mas nunca vimos restos humanos”, realça o realizador.

A ausência de restos humanos tem levado os inevitáveis teóricos da conspiração à loucura, mas há razões perfeitamente válidas para não terem sido encontrados os corpos dos mais de 1.500 pessoas que morreram quando o navio afundou.

Uma das razões tem a ver com os coletes salva-vidas usados por muitos passageiros e tripulantes. Embora não tenham cumprido o seu principal objetivo de manter os seus utilizadores à tona tempo suficiente para serem resgatados, uma vez que os seus ocupantes faleceram, eles permaneceram flutuantes.

Assim, diz o IFLS, uma eventual tempestade após o naufrágio poderá ter afastado rapidamente os corpos do local do naufrágio — e, durante os anos seguintes, as correntes oceânicas te-los-ão afastado ainda mais para locais distantes.

Além disso, os corpos presos nos próprios destroços do naufrágio provavelmente também desapareceram, graças ao trabalho dos saqueadores do mar profundo – peixes e outros organismos.

Mas se foram encontrados ossos em outros naufrágios muito mais antigos, então por que não no Titanic? A resposta pode estar relacionada com a profundidade a que o navio naufragado se encontra.

“O problema é que, a uma profundidade abaixo de cerca de 914 metros, passamos abaixo da chamada profundidade de compensação de carbonato de cálcio“, explicou à NPR o explorador de águas profundas Robert Ballard.

“A água no mar profundo está sub-saturada em carbonato de cálcio — essencialmente, aquilo de que os nossos ossos são feitos”, explica o explorador.

“O Titanic e no Bismarck, por exemplo, são navios que se encontram abaixo da profundidade de compensação de carbonato de cálcio — então, assim que os predadores comem a carne dos corpos, os ossos ficam expostos e dissolvem-se”, detalha Ballard.

Há quem considere também ser possível que, em partes seladas do navio, como a sala das máquinas, onde a água fresca e rica em oxigénio de que os saqueadores dependem pode não ter conseguido entrar, ainda possa haver alguns corpos preservados.

Mas, 111 anos após o naufrágio do navio, a ideia de que possamos vir ainda encontrar restos reconhecíveis parece cada vez mais improvável.