O esforço constante para nos auto-censurarmos deixa-nos esgotados dos nossos recursos cognitivos.
Um novo estudo publicado na Journal of Applied Psychology analisou as consequências que a cultura do politicamente correto tem nos nossos cérebros, especialmente no contexto laboral.
A pesquisa aponta que a motivação para se ser politicamente correto é ser gentil com os colegas, mas a pressão constante para não se dizer algo errado também pode causar fadiga mental.
A equipa fez uma série de estudos para investigar a relação entre ser politicamente correto e o esgotamento cognitivo. Na primeira investigação, foram recrutados funcionários de empresas locais e administradores de duas universidades, assim com os seus parceiros ou cônjuges.
Os empregados completaram um inquérito no início e no fim do seu dia de trabalho e à noite todos os dias durante três semanas. Os cônjuges completaram um único inquérito todas as noites. Os funcionários que reportaram uma maior orientação no início do dia de trabalho (“Estou preocupado com as necessidades e interesses dos meus colegas”) tinham uma maior probabilidade de terem sido politicamente corretos durante o dia (“Hoje no trabalho, censurei-me quando interagi com colegas”).
Ser politicamente correto também foi associado a uma maior perda de recursos cognitivos à noite (“Sinto-me drenado agora“) e níveis mais altos de esgotamento cognitivo estavam associados a ter parceiros a reportar que os trabalhadores estavam mais zangados ou frios em casa.
Nas duas pesquisas subsequentes, os investigadores usaram a plataforma Prolific para recrutarem funcionários full-time que tiveram de escrever sobre uma conversa recente que tenham tido com um colega onde tiveram de se auto-censurar ou tentaram evitar ofendê-lo.
Os resultados de ambos os estudos concluíram que os funcionários que eram politicamente corretos sofriam um maior esgotamento cognitivo.
“Primeiro, não queremos dizer que as pessoas não devem ser politicamente corretas quando interagem com os seus colegas. As nossas conclusões mostram que os funcionários preferiram ser politicamente correto porque se importam com os seus colegas. Mas é importante que tanto os funcionários como os gerentes saibam que ser politicamente correto não vem sem custos e que pode ser exaustivo”, revelam os autores Joel Koopman e Klodiana Lanaj ao PsyPost.
Os investigadores lembram que a pesquisa tem algumas limitações, já que não se sabe que fatores moderam a relação entre o politicamente correto e o esgotamento de recursos cognitivos.