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Pode haver estrelas feitas de antimatéria à espreita na Via Láctea

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ESO/L. Calçada

Uma equipa de investigadores da Universidade de Toulouse sugere que pode haver várias estrelas feitas de antimatéria nas proximidades do nosso Sistema Solar.

No universo, todas as partículas têm as suas “antipartículas” correspondentes. Assim, a um eletrão corresponde um “antieletrão” ou positrão, que nada mais é do que um eletrão carregado positivamente. Da mesma foram, cada protão tem o seu antiprotão e cada neutrino o seu antineutrino.

Quando uma partícula de matéria encontra a sua antipartícula correspondente, ambas são destruídas num lampejo de energia.

De acordo com a teoria atual, durante o Big Bang, terá sido gerada uma quantidade idêntica de matéria e de antimatéria. Mas onde está toda a antimatéria que falta? Descobrir como acabámos num Universo cheio de matéria e praticamente sem vestígios de antimatéria é um dos maiores mistérios da Física.

Uma equipa de cientistas da Universidade de Toulouse, liderada por Simon Dupourqué, sugere agora que pode haver não uma, mas várias estrelas feitas de antimatéria nas proximidades do nosso próprio Sistema Solar.

Segundo o jornal espanhol ABC, os investigadores explicam que houve “pequenos indícios” de que esses estranhos objetos – as anti-estrela – poderiam realmente existir e que a busca pelos raios gama que deveriam produzir revelou 14 possíveis candidatas.

Para chegar a este resultado, Dupourqué e os colegas examinaram dados do telescópio espacial de raios gama Fermi para objetos emissores de raios gama e eliminaram todos aqueles em que a emissão de raios gama pudesse ser explicada de outra forma.

Os cientistas descobriram 14 possíveis anti-estrelas e, a partir daí, calcularam que, na Via Láctea, poderia haver um anti-estrela para cada 400 mil estrelas “normais”.

“Isso pode parecer muito, mas é apenas um limite superior, supondo que todos os 14 candidatos sejam uma antiestrela, o que provavelmente não é o caso”, explicou Dupourqué.

Embora a antimatéria se aniquile imediatamente ao entrar em contacto com a matéria regular, o espaço é tão vazio que Dupourqué e os colegas acreditam que uma anti-estrela poderia sobreviver durante muito mais tempo do que a idade atual do universo sem desaparecer completamente.

A desvantagem é que, se existissem, as anti-estrelas seriam extraordinariamente difíceis de detetar, uma vez que se assemelham a estrelas convencionais. Mesmo observada de perto, uma anti-estrela comportar-se-ia da mesma forma que uma estrela normal, exceto quando a matéria caísse na sua superfície e fosse aniquilada.

Segundo Dupourqué, isto significa que provar que as suas 14 candidatas são anti-estrelas é uma tarefa quase impossível. No entanto, mesmo que apenas uma delas fosse uma anti-estrela, a Ciência teria de reconsiderar tudo o que sabe sobre o Universo primitivo.

Este estudo foi publicado este mês na revista científica Physical Review D.

Maria Campos, ZAP //

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1 Comment

  1. Por vezes penso que uma partícula não tem de ter necessariamente a antipartícula correspondente. A antimatéria é, provavelmente, gerada pela própria matéria em condições de alta energia, mas sempre em menores quantidades que a matéria envolvida. Logo, uma vez gerada uma determinada quantidade de antimatéria, esta ao entrar em contacto com a matéria comum circundante, é imediatamente aniquilada juntamente com a mesma quantidade de matéria resultando da aniquilação fotões de alta energia ou fotões gama. Portanto, é praticamente impossível existirem corpos celestes de grande dimensão compostos por antimatéria pura.

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