Na Nigéria, país fortemente dependente das receitas das exportações de petróleo, a empresária Ifedolapo Runsewe identificou outro tipo de “ouro negro”: pneus de automóveis usados.
Ifedolapo Runsewe criou a Freetown Waste Management Recycle, uma fábrica industrial dedicada à transformação de pneus velhos em tijolos de pavimentação, ladrilhos de pavimento e outros bens que são muito procurados na nação mais populosa de África.
“Criar algo novo a partir de algo que, de outra forma, estaria no lixo fez parte da motivação”, disse Runsewe, em declarações à Reuters, a partir da fábrica, que fica na cidade de Ibadan, no sudoeste da Nigéria.
“Somos capazes de criar toda uma cadeia de valor em torno dos pneus“, disse a empreendedora, que segurava um tijolo de pavimentação — um dos produtos mais vendidos da empresa.
A gestão de resíduos na Nigéria é, na melhor das hipóteses, desigual. Em aldeias, vilas e cidades, as pilhas de resíduos são uma visão comum e os residentes queimam-nas frequentemente por falta de um método mais seguro de eliminação. Os pneus são regularmente despejados e abandonados.
A Freetown Waste Management Recycle depende de catadores de lixo, que recolhem os pneus velhos e recebem entre 70 a 100 nairas (0,15 a 0,21 euros) por cada um.
Alguns pneus são ainda fornecidos diretamente por mecânicos, como é o caso de Akeem Rasaq, que ficou feliz por encontrar uma forma de ganhar algum dinheiro com os pneus velhos.
“A maior parte dos pneus acabam no saneamento público a entupir os esgotos, mas as coisas mudaram”, disse.
A Freetown iniciou o processo de reutilização dos pneus usados em 2020 com apenas quatro empregados, mas o crescimento foi tão rápido que conta já com 128. Até agora, mais de 100 mil pneus foram reciclados e transformados em lombas de controlo de velocidade e pavimentação suave para parques infantis, por exemplo.
“É importante apoiar qualquer pessoa que recicle no nosso país”, disse Houssam Azem, fundador do Lagos Jet Ski Riders Club, que adquiriu tijolos de pavimentação da Freetown para uma área de recreio infantil.
“Tomar pneus, o que são um incómodo ambiental, e transformá-los naquilo onde que as crianças podem brincar, penso que é uma vitória para todos”, concluiu.
Aparentemente parece uma boa ideia, vinda de África ainda mais surpreendente!
Esta inovação já tem décadas. Não entendo como é que um negócio deste tipo não se expande mais.
Outro exemplo: todo plástico pode ser convertido em combustível. Soluções para a maioria os resíduos existem. Mas os interesses comandam no sentido que convém a cada um.
Tem décadas mas não na Nigéria!
Em Portugal a Valorpneu tem 20 anos.
Não há grande interesse em transformar plástico em combustível na media em que faz mais sentido transforma-lo novamente em plástico.