Novas imagens de Plutão enviadas pela sonda New Horizons da NASA revelam uma variedade confusa de características superficiais e impressionam os cientistas devido à sua escala e complexidade.
“Plutão mostra uma diversidade de formas de revelo e complexidade de processos que rivaliza com qualquer outro objeto do Sistema Solar,” afirma Alan Stern, investigador principal da New Horizons, do SwRI (Southwest Research Institute) em Boulder, no estado americano do Colorado.
“Se um artista tivesse pintado este Plutão antes do nosso voo rasante, eu provavelmente teria achado que era demais – mas isto é o que está realmente lá“.
A New Horizons começou o seu longo download de novas imagens e outros dados no fim-de-semana passado. As imagens já enviadas ao longo dos últimos dias mais que duplicaram a área de superfície de Plutão vista a resoluções até 400 metros por pixel.
Elas revelam novas características tão diversas quanto possíveis dunas, fluxos de nitrogénio gelado que aparentemente escorrem de regiões montanhosas até planícies, e até mesmo redes de vales que podem ter sido esculpidos por material que corria à superfície de Plutão.
Mostram também grandes regiões que exibem montanhas caóticas, reminiscentes de terrenos perturbados na lua de Júpiter, Europa.
A superfície de Plutão é tão complexa como a de Marte,” afirma Jeff Moore, líder da equipa GGI (Geology, Geophysics and Imaging) da New Horizons no Centro de Pesquisa Ames da NASA em Moffett Field, Califórnia, EUA.
“As montanhas misturadas de forma aleatória podem ser enormes blocos de gelo duro que flutuam dentro de um depósito de nitrogénio gelado, vasto, mais denso e suave na região informalmente chamada Sputnik Planum.”
Plutão não tem vento – mas tem dunas
Novas imagens também mostram o terreno mais craterado – e, portanto, o mais antigo – já visto pela New Horizons em Plutão mesmo ao lado de planícies geladas jovens e livres de crateras.
Pode até haver um campo de dunas escuras sopradas por vento, entre outras possibilidades.
“As dunas em Plutão – se é isso que são – devem ser completamente selvagens, porque a atmosfera de Plutão é hoje tão fina,” afirma William B. McKinnon, vice-líder da GGI e da Universidade de Washington em St. Louis.
“Ou Plutão teve uma atmosfera mais espessa no passado, ou está em funcionamento algum outro processo que ainda não descobrimos. Dá muito que pensar“.
As descobertas feitas graças às novas imagens não estão limitadas à superfície de Plutão.
Serão divulgadas novas imagens das luas de Plutão, Caronte, Nix e Hidra, revelando que cada lua é única e que a maior lua – Caronte – teve um passado torturante.
As imagens enviadas nos últimos dias também revelaram que a neblina atmosférica global de Plutão tem muito mais camadas do que se pensava, e que a neblina cria um efeito tipo-crepúsculo que ilumina suavemente o terreno noturno perto do pôr-do-Sol, tornando-o visível às câmaras da New Horizons.
“Esta visão crepuscular é um presente maravilhoso dado por Plutão,” afirma John Spence, vice-líder da GGI e do SwRI. “Agora podemos estudar geologia em terrenos que nunca esperávamos ver.”
A sonda New Horizons está agora a mais de 5 mil milhões de quilómetros da Terra e mais de 69 milhões de quilómetros para lá de Plutão. A nave espacial está saudável e todos os sistemas estão a funcionar normalmente.