Plantas parecem estar a quebrar leis da ciência ao tomar “decisões secretas”

Dawid Skalec / Wikimedia

Arabidopsis thaliana

Investigadores descobriram um processo anteriormente desconhecido que faz com que as plantas tomem “decisões secretas” e libertem o carbono que querem de volta para a atmosfera.

A biologia diz-nos que, durante a fotossíntese, as plantas produzem açúcar ou sacarose. Normalmente é produzido um excesso de sacarose, em que alguma é armazenada e alguma é degradada, naquilo que é chamado de ciclo do ácido cítrico — ou ciclo de Krebs.

O ciclo de Krebs possui reações catabólicas e anabólicas, com a finalidade de oxidar a acetil-CoA, que se obtém da degradação de hidratos de carbono, ácidos gordos e aminoácidos, em duas moléculas de dióxido de carbono.

Como parte desse ciclo, a sacarose, que tem doze átomos de carbono, é decomposta em glicose com seis átomos de carbono. De seguida, a glicose é dividida em ácido pirúvico, que tem três átomos de carbono. O uso deste ácido para energia produz carbono como um produto residual. É aqui que a ‘decisão’ é tomada na planta, explica o ScienceAlert.

“Descobrimos que as plantas controlam a sua respiração de uma maneira que não esperávamos. Elas controlam a quantidade de carbono da fotossíntese que mantêm para construir biomassa usando um canal metabólico”, disse o autor correspondente do estudo, Harvey Millar, em declarações ao portal científico.

“Isto acontece logo antes de decidirem queimar um composto chamado ácido pirúvico para produzir e libertar CO2 de volta à atmosfera”, acrescentou.

Os resultados do estudo foram publicados, na semana passada, na revista científica Nature Plants.

Os investigadores descobriram estas “decisões secretas” das plantas ao trabalhar com a planta Arabidopsis thaliana. Os autores rotularam o ácido pirúvico com um isótopo de carbono para rastrear onde é que ele estava a ser deslocado durante o ciclo de Krebs e descobriram que o ácido pirúvico de diferentes plantas estava a ser usado de maneira diferente.

“Descobrimos que um transportador nas mitocôndrias direciona o ácido pirúvico para a respiração para libertar CO2, mas o ácido pirúvico produzido de outras maneiras é mantido pelas células vegetais para construir biomassa – se o transportador for bloqueado, as plantas usam-no de outras vias para a respiração”, disse o coautor Xuyen Le, citado em comunicado pela University of Western Australia.

Esta capacidade de tomar decisões quebra as leis da bioquímica, onde normalmente cada reação é uma competição e os processos não controlam para onde o produto vai, sugerem os investigadores.

ZAP //

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