A planta mais solitária do mundo está à procura de uma “namorada”

Nicholas Turland/Freepik

Encephalartos woodii

Espécie já existia antes dos dinossauros caminharem pela Terra, mas hoje está em perigo — e é considerada um dos organismos mais ameaçados do planeta. A IA vai ajudá-la a arranjar uma companheira.

É conhecida por ser a planta mais solitária do mundo e está entre as mais ameaçadas do planeta — restam apenas exemplares machos.

Com a ajuda da Inteligência Artificial (IA), uma equipa de cientistas deu início a uma jornada para encontrar uma companheira para a tão sozinha planta.

O projeto de investigação liderado pela Universidade de Southampton, em Inglaterra, está a vasculhar milhares de hectares de floresta na África do Sul, o único local onde a Encephalartos woodii (E. woodii) foi encontrada.

A Encephalartos woodii está, na verdade, quase completamente extinta. Existem apenas clones machos do único exemplar selvagem conhecido, uma vez que a sua reprodução natural é impossível.

“Conto clássico de amor não correspondido”

Laura Cinti, investigadora da Universidade de Southampton, está a liderar o projeto, que utiliza drones e inteligência artificial para encontrar fêmeas da espécie.

Os drones tiram fotografias aéreas da floresta, que depois são analisadas por ferramentas de inteligência artificial em busca da planta. Por enquanto, cobriram menos de 2% dos quase 4,1 mil hectares de floresta.

“Usamos um algoritmo de reconhecimento de imagens para identificar as plantas pela sua forma. Geramos imagens de plantas, e colocamo-las em diferentes cenários ecológicos para ensinar o modelo a reconhecê-las”, explica Cinti.

“A história da E. woodii inspirou-me muito. Parece um daqueles contos clássicos de amor não correspondido”, afirma.

“Tenho esperança de que haja uma fêmea algures por aí; afinal de contas, tem de ter havido uma em algum momento. Seria incrível recuperar esta planta tão próxima da extinção através da reprodução natural”, confessa.

Só sobram clones da rara espécie

O único exemplar conhecido da espécie foi encontrado em 1895 na Floresta de oNgoye, perto da costa leste da África do Sul.

Era um macho, e nunca mais nenhum outro exemplar foi encontrado. Por isso, todos os exemplares de E. woodii que existem hoje são clones, também machos, deste único exemplar selvagem conhecido.

A floresta africana agora alvo de uma “caça aos ovos” nunca tinha sido totalmente explorada para determinar se a tão cobiçada fêmea da planta existe.

Os especialistas dos Royal Botanic Gardens de Kew ainda cultivam e propagam a espécie. Os visitantes podem contemplar a planta neste jardim botânico de Londres.

ZAP // BBC

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