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As planícies vermelhas de Plutão podem não ser o que se pensava

NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute

A Cthulhu Macula é a grande mancha vermelha que fica do lado esquerdo

Um novo estudo sugere que, afinal, podemos ainda não saber a história toda sobre Cthulhu Macula, a mancha avermelhada à volta do equador de Plutão.

Quando a missão não tripulada da NASA New Horizons se aproximou de Plutão em 2015, deu-nos a visão mais clara deste distante e minúsculo planeta anão. Nestas imagens, foi revelada uma ampla faixa vermelha à volta do seu equador, a chamada Cthulhu Macula.

Análises sugeriram que esta planície avermelhada foi produzida por moléculas conhecidas como tolinas, compostos orgânicos que se formam na atmosfera quando radiação ultravioleta ou cósmica produz compostos que contêm carbono, como metano ou dióxido de carbono, que então chovem na superfície.

Mas agora, conta o site Science Alert, um novo estudo, publicado a 2 de junho na revista científica Icarus, sugere que afinal ainda podemos não saber a história toda. A equipa de cientistas, liderada pela engenheira aeroespacial Marie Fayolle, da Universidade Técnica de Delft, criou tolinas em laboratório para comparar a forma como estas refletem a luz com as observações de Plutão.

Para isso, os investigadores misturaram azoto, metano e dióxido de carbono em proporções semelhantes às que foram vistas na atmosfera deste planeta anão (um com 1% de metano e o outro com 5%) e, de seguida, fizeram-nos explodir com plasma para imitar a irradiação no Espaço.

Isto produziu tolinas sintetizadas, amostras de partículas esféricas de tamanho submilimétrico nas quais os cientistas se puderam debruçar para comparar os reflexos com a luz refletida em Plutão.

Segundo explica o mesmo site, o metano a 1% foi a tentativa que melhor correspondeu aos dados da New Horizons, mas mesmo assim não reproduziu inteiramente os dados de observação.

No estudo, a equipa da universidade holandesa explica que as tolinas sintetizadas absorveram um pouco mais de luz do que a Cthulhu Macula, mas isto não significa que as tolinas não sejam responsáveis por esta mancha vermelha. Significa, sim, que pode estar outra coisa em jogo.

Uma hipótese é a irradiação por raios cósmicos galácticos, que podem escurecer as tolinas e alterar a forma como absorvem e refletem a luz.

Outra possibilidade é que a superfície de Plutão nessas regiões seja mais porosa do que o expectável, possivelmente devido à sublimação do gelo. Não se espera que estas planícies tenham muito azoto sólido, porque ficam no equador, onde o planeta anão é mais quente. Nem a New Horizons detetou muito hidrato de metano, mas é possível que a geada sazonal de metano ocorra durante uma estação diferente da que coincidiu com a visita desta missão não tripulada, explicam os autores da pesquisa.

Por último, há ainda a teoria de que, devido à fraca gravidade de Plutão, a deposição de tolinas possa ser suave, produzindo uma crosta fofa e porosa.

ZAP //

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