O placebo funciona mesmo quando se sabe que é placebo. Mas porquê?

Os placebos de rótulo aberto (PRAs) são pílulas de açúcar prescritas pelos médicos, não em segredo, mas com transparência, informando os pacientes de que o que estão a receber é um placebo.

Isto levanta uma questão: se se sabe que é um placebo, porque é que continua a funcionar?

Na medicina contemporânea, onde a linha entre bem-estar e marketing pode ser confundida, os PRAs ganharam força, com aproximadamente 97% dos médicos, de acordo com um estudo de 2018, a admitir prescrevê-los em algum momento das suas carreiras.

Ao contrário dos placebos tradicionais que dependem do engano, os PRAs são oferecidos abertamente aos pacientes.

As suas origens remontam a um estudo realizado em 1963 numa clínica psiquiátrica de Baltimore. Os investigadores experimentaram prescrever abertamente comprimidos de açúcar a doentes neuróticos, descobrindo uma melhoria surpreendente dos sintomas, mesmo quando os doentes estavam conscientes da natureza inerte da medicação.

A investigação sobre os PRAs produziu resultados mistos, com estudos que sugerem eficácia em doenças como os afrontamentos da menopausa, alergias sazonais, depressão grave e perturbação de hiperatividade e défice de atenção. No entanto, a qualidade geral das provas continua a ser objeto de debate, sublinha a WIRED.

Algumas teorias propõem que o ato de tomar qualquer comprimido, mesmo um placebo, desencadeia respostas biomédicas, explorando o poder dos rituais envolvidos no encontro terapêutico. Além disso, a expectativa positiva e a esperança do doente, mais do que a mera crença, parecem desempenhar um papel crucial na resposta ao placebo.

Mesmo quando os doentes sabem que estão a receber um comprimido de açúcar, o impacto psicológico, combinado com uma interação calorosa e empática entre médico e doente, pode levar a melhorias nos sintomas.

Se os PRAs são uma bala de prata ou o placebo de um placebo, isso permanece incerto. No entanto, servem de testemunho da interação entre crença, esperança e cura nos domínios da medicina e não só.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.