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Piratas de Edelweiss. A resistência de jovens que pôs açúcar no combustível dos tanques nazis

Os Piratas de Edelweiss foram um grupo de jovens da resistência alemã ao regime nazi durante a Segunda Guerra Mundial. Passaram despercebidos historicamente, mas foram uma peça importante na vitória dos Aliados.

Durante a História da humanidade serão vários heróis cujas histórias nunca serão cantadas por terem passado despercebidas aos olhos do público em geral. É este o caso dos Piratas de Edelweiss, um grupo de jovens que resistiu e lutou contra a Alemanha nazi, mas cujos livros de História se parecem esquecer.

Estes jovens eram a antítese da Juventude Hitleriana, manifestando-se contra todos os ideais que os nazis defendiam. Os Piratas de Edelweiss eram um grupo de resistência anti-nazi composto por jovens com idades compreendidas entre os 14 e os 17 anos. Nenhum deles pertencia à instituição de jovens do regime nazi — o que na altura era punível por lei.

Talvez uma das razões para que não se fale muito destes jovens é porque a maior parte das suas atividades eram mantidas em segredo. No entanto, algumas histórias ecoam sobre como esta pequena organização ajudou a derrotar o regime nazi.

Um antigo membro dos Piratas de Edelweiss disse que, a certa altura, chegaram a colocar açúcar no combustível dos veículos nazis, vandalizaram as fábricas de munições e escreviam graffiti com mensagens anti-fascistas pelas paredes das cidades alemãs. Podem parecer meras brincadeiras de miúdos, mas durante o regime de Hitler corriam um sério risco ao fazê-lo.

Quando os aviões dos Aliados lançaram propaganda anti-nazi, os “piratas” reuniram os panfletos e guardaram-nos, antes que a polícia os recolhesse, explica o ATI.

Um filme alemão de 2004 retrata as aventuras dos Piratas de Edelweiss, que até se envolviam em lutas com a Juventude Hitleriana, como é visto no trailer. Estes jovens também tinham um lado samaritano, protegendo desertores e prisioneiros fugitivos dos campos de concentração e de trabalho.

Muitos acabaram por ser apanhados e condenados. Enquanto alguns eram castigados com a cabeça rapada, outros chegaram mesmo a ser enforcados.

Relatos reais

“Conheces a Juventude Hitleriana? Eles armazenam os seus equipamentos em tal lugar. Vamos fazê-los desaparecer”, recorda, Walter Mayer, num encontro com alguns Piratas de Edelweiss, em Düsseldorf.

Apesar de Mayer se ter juntado à Juventude Hitleriana, ele lutou contra o regime ao esconder amigos judeus na cave de sua casa e aliando-se aos Piratas de Edelweiss.

Certo dia, foi apanhado a roubar sapatos e foi preso pela polícia nazi. Mayer esteve perto de ser condenado a uma pena de morte, mas devido os feitos atléticos do jovem, foi sentenciado a uma pena de entre um a quatro anos. Mayer teve mais sorte que muitos outros dos seus colegas, que foram enforcados em praça pública pela Gestapo.

Gertrud Koch é outro exemplo de alguém que lutou contra o movimento nazi na Alemanha, nomeadamente em Colónia, onde foi co-fundadora de uma das divisões dos Piratas de Edelweiss. Ela e a sua família esconderam durante dois anos um músico judeu no jardim da sua casa.

Também ela esteve presa durante nove meses por distribuir panfletos anti-nazi pelas ruas da cidade ocidental da Alemanha. O seu pai, comunista, foi morto no campo de concentração de Esterwegen.

Em 2005, alguns membros dos Piratas de Edelweiss reuniram-se em Colónia após terem sido oficialmente reconhecidos como combatentes da resistência. Foram precisos 60 anos para que isto acontecesse.

“Nós éramos das classes trabalhadoras. Essa é a principal razão pela qual só agora fomos reconhecidos”, disse Koch. “Depois da guerra, não havia juízes na Alemanha, então os antigos juízes nazis foram usados e defenderam a criminalização do que fizemos e de quem éramos”, explicou.

ZAP //

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