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Pesquisa científica confirma mistério de um incidente ambiental em Lisboa

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holgerrings / Flickr

Numa madrugada de 1978, Lisboa cobriu-se pó, mas nem todas as ruas da cidade viveram o mesmo cenário. Este mistério despertou o interesse de investigadores – que agora confirmaram a existência de um incidente ambiental na capital.

Ruas molhadas, passeios escorregadios e enlameados, poças de água dispersas, folhas caídas encharcadas e carros molhados. Foi este o cenário da madrugada de 12 para 13 de novembro de 1978, em Lisboa, nomeadamente em Alvalade.

No entanto, ao longo de uma faixa retilínea com cerca de 1 km de comprimento envolvida por lamas e poças circundantes – incluindo parte da Avenida Rio de Janeiro e de algumas outras artérias – surgia um cenário inesperado e insólito: passeios e asfalto enxutos, folhas secas, carros estacionados cobertos de pó seco e, junto à garagem Rio de Janeiro, uma fila anormal de carros para serem lavados.

Esta afluência levou um dos funcionários a suspeitar de que algo de estranho se devia ter passado. Os carros estacionados ao longo da avenida estavam cobertos por pó seco. A distribuição do pó era muito uniforme, podendo mesmo, em alguns casos, distinguir-se nos tejadilhos pequenos círculos sem pó que indiciavam evaporação de gotas de água.

Além disso, havia moradores da rua Jorge Colaço que se lamentavam de a roupa estendida nas varandas estar completamente enlameada, cães que ladraram muito durante a madrugada e certas pessoas que se queixavam de impressão na garganta.

No aeroporto da Portela, registou-se também uma forte nebulosidade de muito baixa altitude, o que obrigou ao desvio do tráfego aéreo para o Porto, conforme reportou a imprensa local na altura.

O mistério persiste

Amostras de pó recolhidas naquela manhã foram recentemente sujeitas a estudos analíticos, realizados por uma equipa de investigadores dirigida pelo professor Rui Lobo, investigador do Laboratório de Nanofísica e Energia da Universidade Nova de Lisboa.

Os resultados do estudo, que envolveram recurso a nanofísica e nanotecnologia e análise de dados de fontes fidedignas de informação meteorológica, foram publicados na edição de dezembro da revista científica italiana Rendiconti Lincei. Scienze Fisiche e Naturali.

As conclusões apontam para uma substância que apresenta características físico-químicas que não se encaixam nos padrões típicos das potenciais fontes conhecidas, como areias de deserto, cimenteiras, pedreiras ou cinzas.

Contactado pelo ZAP, Rui Lobo admite que a substância possa ter representado algum perigo a saúde pública. Segundo o investigador, “as características do pó são propensas ao agravamento ou até mesmo ao desencadear de problemas respiratórios e alérgicos”.

Esta substância configura claramente um incidente ambiental envolvendo, no mínimo, seis toneladas de pó com elevada toxicidade respiratória, cuja constituição revelou elevada percentagem de micro e nanopartículas. Algumas dessas partículas são nanotubos, estruturas que necessitam de altas temperaturas para se formarem.

À ocorrência invulgar registada naquela madrugada, somam-se duas outras evidências: o desconhecimento da fonte poluidora – o pó não corresponder a qualquer fonte potencial conhecida – e a sua secagem ter sido rápida na ausência de radiação solar, sem que a temperatura ambiente registada pelo IPMA tenha sofrido qualquer alteração.

Não é habitual a nossa capital cobrir-se de toneladas de pó, vindas não se sabe de onde, caindo sobre uma faixa com uma geometria tão inesperada. Este é o levantar do véu de um incidente ambiental: um mistério ainda não desvendado, mas agora confirmado.

ZAP //

11 Comments

    • Não tenho a menor dúvida que essa porcaria que caiu do céu – porque de outro lado não cairia -, tem origem nas DESCARGAS QUÍMICAS que aeronaves devidamente equipadas , descarregam na atmosfera por cima das nossas cabeças. Aqueles rastos brancos no céu que perduram são CHEMTRAILS e não provenientes de condensação do ar dado que estes últimos dissipam-se logo de seguida à passagem dos aviões e os CHEMTRAILS persistem durante bastante tempo. O ano passado, enviei aos grupos parlamentares e partidos PS, PCP, PEV e BE, e-mails onde questionava quem autorizava aquelas descargas na atmosfera. Ainda hoje, desconheço a resposta…

      • Concordo com tudo o que dizem, mas esqueceram-se de um “pequeno” detalhe. A notícia refere um facto de 1978, ok? Nessa altura, não havia aeronaves a espalhar químicos na atmosfera, como recentemente acontece para influenciar e alterar as condições climatéricas. Este “fenómeno” dos chemtrails embora preocupante é relativamente recente. Daí, algo se passou, mas não foram chemtrails seguramente.

      • Discordo relativamente à inexistência do fenómeno chemtrails nessa data. Proponho antes um incidente com a manipulação desses agentes químicos no aeroporto da Portela e devido aos ventos de norte predominantes o espalhamento da fuga rumo às avenidas novas ou em alternativa o alijamento de combustível mais contaminantes por alguma aeronave em situação de emergência ao longo do corredor que conduz à cabeceira da pista.

      • Isso já foi debatido na AR, fruto de uma petição pública, chegaram à conclusão que o pessoal vê demasiados filmes e teorias da conspiração.

  1. Não
    A culpa morre sempre solteira
    É sempre do mesmo
    Mas parabéns pela fantasiosa e fantástica e etc Inovação da explicação do sucedido
    Portugal no seu melhor
    Ainda vão afirmar “É a ira de Deus”
    Boa

    • Se lhe aparecer um alzheimerzito com 50 ou menos anos de idade, também é a ira de Deus, presumo. No entanto já é moda agora, mas é segreeeedo. Se alguém arranjar maneira de o envenenar devagarinho, devagarinho durante 10 anos ou mais e v. exa pifar disso, vá lá conseguir provar como foi. Boa sorte.

  2. Springer não é o nome da revista, mas sim do editor que edita várias revistas académicas entre as quais esta que parece chamar-se “Rendiconti Lincei: Scienze Fisiche e Naturali”.

  3. E pá desculpem lá. Nesse dia eu fui à capital e como no dia anterior aqui no Alentejo tinha comido muito feijão… descuidei-me um pouco. Mas de lá para cá nunca mais voltou a acontecer. Agora, sempre que vou à capital no dia anterior a minha mulher proíbe-me de comer feijoada.

  4. Nano tecnologia nanotubos micro particulas
    Só poucos laboratorios nos USA tinham capacidade de fazer em 1980, dai é só tirar conclusões , e pó vindo do céu só de avião.

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