O congresso do Peru votou para investigar se beber ou injetar uma lixívia industrial poderia curar a covid-19. A moção foi aprovada com 49 votos a favor e 39 votos contra.
Está a ser criado um comité para ouvir depoimentos sobre dióxido de cloro de funcionários do Ministério da Saúde e “cientistas e especialistas na área”.
O dióxido de cloro é comummente usado em processos industriais, incluindo para branquear polpa de celulose para fazer papel, bem como esterilizar equipamentos médicos e desinfetar água, frutas e vegetais, escreve a Vice.
É vendido em Portugal, e quem o comercializa diz que é indicado para tratar o VIH, o autismo, ou, mais recentemente, a covid-19. O Infarmed não o certifica enquanto medicamento e desaconselha o seu uso, mas a sua venda não é proibida.
Nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) avisa que não deve ser ingerido porque pode causar uma série de problemas de saúde, desde diarreia, vómitos e hemorragias interna até “insuficiência respiratória” e “insuficiência renal aguda”.
O legislador peruano Posemoscrowte Chagua, responsável pela moção, insinuou que a comunidade científica estava a espalhar desinformação sobre os potenciais benefícios do dióxido de cloro.
Chagua criticou aqueles que dizem que “o dióxido de cloro é absolutamente tóxico e que é uma lixívia que não cura o coronavírus“.
Embora o número de casos e mortes no Peru tenha começado a decrescer, o país tem a maior taxa de mortalidade per capita por covid-19 no mundo.
“A situação da pandemia no Peru é lamentável, assim como a situação no nosso congresso”, disse Samuel Cosmé, secretário-geral da sociedade de especialistas em cuidados intensivos do Peru.
“Temos que matar estas coisas porque são inadmissíveis. Tanto esforço de toda uma comunidade de cientistas, divulgadores e media para esta vergonha? Não aprendemos!“, disse o neurocientista e deputado Ed Malaga-Trillo.