Perder peso: cientistas desenvolvem moléculas derivadas da hortelã que combatem a gordura

ZAP // Prasert Taosiri / Pixabay; Rawpixel

Uma equipa de cientistas desenvolveu ésteres de mentol com efeitos anti-inflamatórios e anti-obesidade. No futuro, poderão vir a desempenhar um importante papel na criação de tratamentos para condições inflamatórias crónicas e distúrbios metabólicos.

O mentol, um álcool monoterpeno cíclico natural, pode ser encontrado em inúmeras plantas, especialmente em membros da família da hortelã.

Este elemento costuma ser utilizado em produtos de confeitaria, chicletes e higiene bucal, mas também possui propriedades medicinais como efeitos analgésicos, anti-inflamatórios e anticancerígenos.

Recentemente, uma equipa de cientistas liderada por Gen-ichiro Arimura, do Departamento de Ciência e Tecnologia Biológica da Universidade de Ciências de Tóquio, no Japão, desenvolveu e investigou ésteres mentílicos de valina (MV) e isoleucina (MI), derivados do mentol, substituindo o grupo hidroxila por valina e isoleucina, respetivamente.

“Os componentes funcionais das plantas que contribuem para a saúde humana sempre me intrigaram. A descoberta de novas moléculas de materiais naturais inspirou a nossa equipa a desenvolver estes derivados de aminoácidos do mentol”, afirmou Arimura, citado pelo SciTechDaily.

Os cientistas começaram por sintetizar ésteres mentílicos de seis aminoácidos caracterizados por cadeias laterais menos reativas. Depois, avaliaram as propriedades desses ésteres usando estudos de linhagem celular in vitro. Por último, conduziram experiências em cobaias animais para explorar os efeitos dos compostos em condições de doença induzida.

Os perfis anti-inflamatórios de valina e isoleucina foram determinados pela avaliação dos níveis de transcrição do fator de necrose tumoral-α (Tnf) em células de macrófagos estimuladas. Ambos superaram o mentol no ensaio anti-inflamatório, sendo que a análise de sequenciamento de ARN revelou que foram suprimidos 18 genes envolvidos nas respostas inflamatórias e imunes.

Perante a descoberta, a equipa investigou o mecanismo de ação dos ésteres e descobriu que o recetor X do fígado (LXR) desempenha um papel importante nos efeitos anti-inflamatórios, independentemente do recetor transitório sensível ao frio TRPM8, que deteta o mentol.

Além disso, os investigadores descobriram que o gene Scd1 – central para o metabolismo lipídico – foi regulado positivamente por LXR. Em ratos com colite intestinal induzida, os efeitos anti-inflamatórios foram validados com níveis de transcritos suprimidos dos genes Tnf e Il6 por MV ou MI, de maneira dependente do LXR.

Foi nesta altura da pesquisa que a equipa levantou a hipótese de os ésteres mentílicos  terem propriedades anti-obesidade. Nas experiências em laboratório, descobriram que inibiram a acumulação de gordura da adipogénese, especificamente na fase de expansão clonal mitótica em células de adipócitos 3T3-L1.

“Este estudo concentrou-se nas funções e mecanismos de ação em doenças modeladas após inflamação e obesidade, mas esperamos que estes compostos também sejam eficazes contra uma ampla gama de doenças relacionadas com o estilo de vida causadas pela síndrome metabólica, como diabetes e hipertensão, assim como sintomas alérgicos“, rematou Arimura.

As descobertas surgem descritas num artigo científico publicado na Immunology.

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