Os percevejos estão a tornar-se mais difíceis de combater

Os percevejos tornaram-se uma ameaça global, e o seu recente ressurgimento em França e noutras partes do mundo não se deve apenas ao aumento das viagens globais, mas também à sua crescente resistência aos inseticidas comuns.

Estes pequenos insetos de forma oval, que podem causar um desconforto significativo e consequências económicas, estão a desenvolver resistência a vários tratamentos. Os investigadores estão agora a esclarecer as mutações genéticas que tornam os percevejos resistentes, as suas mudanças de comportamento e as possíveis estratégias para lidar com estas pragas resistentes.

Um estudo recente revelou que mais de 80% dos percevejos recolhidos entre 2018 e 2019 nos Estados Unidos tinham adquirido múltiplas mutações nos seus genes do canal de sódio, tornando-os imunes aos inseticidas de venda livre. As mutações, desenvolvidas como resultado do uso generalizado de pesticidas, tornam esses percevejos resistentes aos métodos comuns de extermínio.

Estas mutações estão presentes desde, pelo menos, os anos 50, remontando à utilização extensiva de DDT durante a Segunda Guerra Mundial. A combinação de mutações oferece aos percevejos uma resistência até 16 mil vezes superior aos inseticidas piretróides, tornando-os praticamente invulneráveis aos tratamentos tradicionais.

Além disso, escreve a BBC Future, o uso continuado de inseticidas de venda livre seleciona inadvertidamente estas mutações, permitindo que os percevejos resistentes se desenvolvam.

Embora o estudo se tenha centrado nos EUA, estão a surgir padrões de resistência semelhantes nas populações de percevejos em todo o mundo. Em países europeus como o Reino Unido, França e Alemanha, 93,5% dos percevejos adquiriram uma única mutação, tornando-os altamente resistentes aos piretróides, e nenhum adquiriu duas mutações como nos EUA. Além disso, as populações de percevejos tropicais no Irão também estão a desenvolver resistência.

Para além das mutações genéticas, os percevejos estão a alterar o seu comportamento para escapar aos pesticidas. Alguns estão a desenvolver um exoesqueleto mais espesso que impede a absorção de químicos pelos seus corpos, enquanto outros aprenderam a minimizar o contacto com superfícies tratadas. Os percevejos também se escondem em fendas e fissuras, o que dificulta a sua exposição a resíduos de inseticidas.

Estão a surgir estratégias eficazes de controlo de pragas, como os tratamentos térmicos, que podem matar os percevejos, mas devem ser administrados por profissionais devido aos potenciais riscos de incêndio.

Os investigadores estão a desenvolver biopesticidas naturais, incluindo esporos de fungos, que não dependem dos mecanismos tradicionais dos inseticidas e têm menos probabilidades de induzir resistência.

A gestão das infestações de percevejos pode ser bem sucedida com políticas adequadas, como a notificação obrigatória por parte dos proprietários e o tratamento atempado. No entanto, em zonas de baixos rendimentos, onde os residentes muitas vezes toleram infestações devido ao custo da exterminação, os percevejos podem persistir como populações de reserva que alimentam futuros surtos.

ZAP //

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