Bolachas com minhocas ou gafanhotos salteados com legumes são algumas das propostas de um projecto da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche, para inovar nas receitas e substituir a carne e o peixe no prato.
Docentes e estudantes envolvidos no projecto querem desmistificar a forma como as populações do mundo ocidental olham para os tenébrios e insectos e introduzir novos hábitos alimentares, para combater a obesidade e antecipar a eventual falta de proteína animal suficiente para alimentar toda a população a partir de 2050.
Além de terem custos de produção mais baratos, possuem “inúmeros benefícios, uma vez que a nível nutricional são ricos em proteína, gorduras insaturadas e, a nível ambiental, libertam poucos gases com efeitos estufa para a atmosfera”, explica a coordenadora do projecto, Patrícia Borges.
Gafanhotos salteados com legumes, gengibre e molho de soja a acompanhar com cuscuz ou tomate seco com gafanhotos ou grilos são algumas das mais de uma centena de receitas já inventadas pela equipa.
Apesar de a apresentação no prato convidar a provar, os olhos dificilmente comem nestes casos, mas o prazer de provar novos paladares e um esforço acrescido para levar o talher à boca acabam por recompensar os mais aventureiros.
“Antes de consumirem, as pessoas criam uma ideia quanto ao sabor do inseto que não corresponde à realidade. Como os insectos que estamos a utilizar são previamente desidratados e têm um sabor pouco pronunciado, depois de provarem, costumam ter reacções muito positivas”, tranquiliza a docente da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche.
Empresários já têm mostrado interesse em começar a desenvolver estas receitas nos restaurantes e pastelarias portugueses, mas falta legislação que permita o uso de tenébrios e insectos nas práticas alimentares, sem levantar problemas pela ASAE, a Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica.
/Lusa