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Pelo menos dois mortos e vários feridos durante protestos em Jalalabad

Nawid Tanha / Lusa

Pelo menos duas pessoas morreram esta quarta-feira, em Jalalabad, durante os protestos contra a bandeira talibã que substituiu a bandeira nacional do Afeganistão.

Segundo o enviado especial da Al Jazeera, Rob McBride, pelo menos duas pessoas morreram e 12 ficaram feridas na sequência de um tiroteio durante protestos em Jalalabad, a quinta maior cidade do Afeganistão.

Os residentes manifestavam-se contra a substituição da bandeira do Afeganistão pela bandeira talibã.

“Vimos uploads nas redes sociais, protestos nas ruas de centenas, senão milhares de pessoas a agitar a bandeira nacional”, contou. “Sabemos que voltaram a hastear a bandeira numa importante praça de Jalalabad e que houve confrontos com os Talibã.”

No Twitter, Najeeb Nangyal, ex-porta-voz do Ministério do Interior afegão, reportou que “manifestantes na cidade de Jalalabad querem a bandeira nacional de volta e rejeitam a bandeira dos terroristas talibãs. Os talibãs abriram fogo contra os manifestantes. Há relatos de vítimas”.

Jalalabad é o centro das celebrações anuais do dia da independência no Afeganistão, que acontecem todos os anos no dia 19 de agosto para comemorar a data em que o Governo britânico reconheceu a independência do Afeganistão em 1919.

Rob McBride disse que, apesar de a transição do Governo anterior para um controlado pelos talibãs ter ocorrido sem uma grande batalha na capital, a situação no Afeganistão permaneceu tensa. “Estamos a receber relatos de distúrbios muito sérios em Jalalabad.”

Na capital do país, impera o medo. As montras de lojas que tinham fotografias de mulheres desapareceram e há relatos de mulheres a quem lhes foi negado o transporte público por medo de represálias.

Sobre os relatos de talibãs que têm aparecido em casa de afegãos, o grupo garantiu que há pessoas que se estão a fazer passar por eles, aproveitando para roubar e pilhar, apelando à população que não lhes abra a porta.

Esta terça-feira, Zabihullah Mujahid, o seu porta-voz, assegurou que o território não será usado para cometer ataques contra pessoas ou países e, em relação ao futuro das mulheres, adiantou que serão autorizadas a trabalhar e a estudar.

No mesmo dia, e para mostrar precisamente esta mudança de paradigma, um outro porta-voz talibã, Abdulhaq Hemad, sentou-se à mesa com a jornalista Beheshta Arghand, do canal privado Tolo, que o entrevistou em direto.

Mas apesar das promessas, a maioria da população afegã mantém-se cética, devido ao ultraconservadorismo islâmico defendido pelos talibãs nos anos 90, que incluía severas restrições às mulheres e punições como apedrejamentos e amputações públicas.

Além disso, avança o The Guardian, começam a surgir relatos de mulheres e crianças que estão a ser espancadas e chicoteadas em ponto de passagem para sair de Cabul.

Liliana Malainho, ZAP //

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