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Peixes, pássaros e humanóides. Revelados mais 140 geóglifos de Nazca no Peru

Foram descobertos 142 novos geóglifos, que representam pessoas, animais e outros seres, nas famosas linhas na superfície de Nazca e dos seus arredores no Peru.

Localizados principalmente a oeste da Pampa de Nazca, estes novos geóglifos foram identificados por trabalho de campo e análise de dados 3D de alta resolução, entre outras atividades realizadas até 2018.

Acredita-se que os geóglifos biomórficos datem de pelo menos 100 a.C a 300 d.C, de acordo com a equipa de investigação, liderada por Masato Sakai, professor do Departamento de Antropologia Cultural e Arqueologia andina na Universidade de Yamagata, no Japão.

Além disso, de acordo com um comunicado publicado pela universidade, num estudo de viabilidade realizado de 2018 a 2019 em conjunto com a IBM Japão, a universidade descobriu um novo geóglifo ao desenvolver um modelo de inteligência artificia no servidor de inteligência artificial IBM Power System AC922 configurado com a plataforma de aprendizado profunda IBM Watson Machine Learning Community Edition.

Uma infinidade de seres vivos é representada nesta obra de arte antiga, desde peixes, pássaros, macacos, camelídeos e humanóides. Foram construídos removendo rochas, deixando uma imagem negativa na areia branca.

De acordo com a Newsweek, a peça mais longa identificada é maior do que a Estátua da Liberdade, medindo mais de 100 metros de ponta a ponta, e a menor é de cinco metros – aproximadamente o mesmo tamanho do David de Michelangelo.

Os investigadores dividiram os geóglifos em duas categorias, com base no tamanho, idade e design. O primeiro grupo (tipo A) são desenhos de linhas e tendem a ser maiores, medindo 50 metros ou mais. O segundo grupo (tipo B) consiste em superfícies de cor sólida com 50 metros ou menos.

Yamagata University

A equipe supõe que estes dois tipos serviram a propósitos diferentes. O tipo A servia para, por exemplo, rituais que envolviam cerâmica e o tipo B servia para decoração. Estes últimos foram encontrados perto de caminhos ou em encostas, sugerindo que podem ter sido pontos de passagem para ajudar os viajantes.

Este estudo explorou a viabilidade do potencial de inteligência artificial para descobrir novas linhas e introduziu a capacidade de processar grandes volumes de dados com esta tecnologia, incluindo fotos aéreas de alta resolução a altas velocidades. Estes são os primeiros geóglifos descobertos por inteligência artificial em Nazca.

A maioria destes misteriosos geóglifos foi criada pelo povo de Nazca, que viveu naquela área de 200 a 700 anos d.C., assim como outros desenhos já conhecidos na região. No entanto, alguns dos geóglifos são séculos mais antigos. Os investigadores acreditam que foram feitos por povos de Paracas e Topará, que viveram naquela área por volta dos anos de 500 a.C. a 200 a.C..

Estas obras são conhecidas como linhas de Nazca porque, normalmente, parecem apenas linhas quando olhamos para elas no chão. É preciso que as olhemos do alto para conseguir discernir os padrões. Aliás, é por esse motivo que esta arte só começou a ser compreendida depois da invenção dos aviões.

Estes desenhos gigantes são criados através da eliminação da camada superior de pedras vermelhas do deserto, de modo a que se consiga revelar uma camada mais pálida. É este contraste de tons que permite a leitura da figura.

Alguns geóglifos são formas geométricas, outros são linhas simples e os mais elaborados são representações de animais e objetos.

Sakai e os outros investigadores da Universidade de Yamagata empreendem iniciativas para estudar as Linhas de Nazca, um Património Mundial da UNESCO, desde 2004. Além de identificar muitos geóglifos, também realizam atividades para preservar o património.

No entanto, ainda há muito trabalho a ser feito para estudar a distribuição dos geóglifos. A expansão das áreas urbanas provocou danos às linhas, chamando a atenção para a proteção das Linhas de Nazca como um problema social.

ZAP //

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