Pedro Nuno Santos é o novo secretário-geral do PS

Miguel A. Lopes

Pedro Nuno Santos, novo líder do PS

A liderança do PS não escapa a Pedro Nuno Santos. O ex-Ministro das Infraestruturas levou a melhor sobre José Luís Carneiro e será o sucessor de António Costa ao leme dos socialistas.

Pedro Nuno Santos consagrou o seu favoritismo ao vencer as eleições internas do PS. O ex-Ministro das Infraestruturas venceu em 18 das 21 federações socialistas. Já José Luís Carneiro apenas venceu em três federações — Madeira, Vila Real e Federação Regional do Oeste.

No total, votaram cerca de 43 mil militantes dos 60 mil que estavam em condições de votar. Quanto à votação, Pedro Nuno Santos ficou com 62% dos votos (cerca de 24 mil), José Luís Carneiro com 36% (quase 15 mil votos) e Daniel Adrião com 1% (382 votos). Elza Pais foi ainda reeleita líder das Mulheres Socialistas

À saída do seu quartel-general, José Luís Carneiro afirmou aos jornalistas que já telefonou a Pedro Nuno Santos para o felicitar pela vitória. O Ministro da Administração Interna seguiu para a sede nacional socialista, no Largo do Rato, onde discursou e assumiu a derrota.

Carneiro fala em “candidatura forte”

José Luís Carneiro foi o primeiro a reagir, começando por enaltecer “o notável resultado” da sua candidatura, que “teve um dos mais elevados resultados das candidaturas não ganhadoras que se desenvolveram até hoje” no PS.

O Ministro da Administração Interna reafirmou que continua disponível para “trabalhar pelo PS” e “continuar a servir Portugal”. “A nossa candidatura foi mais do que a secretário-geral, foi um amplo movimento de proposta política e defesa do PS como pilar essencial do nosso sistema democrático”, garante o candidato.

O PS tem de “continuar a ser um partido aberto, plural e profundamente democrático” e capaz de “dialogar com toda a sociedade”, defende Carneiro, que passa depois a bola a Pedro Nuno: “cabe à nova liderança assegurar a unidade e a pluralidade. Estaremos sempre atentos e disponíveis para colaborar no reforço do PS”.

Carneiro fechou a declaração com um agradecimento a António Costa, que “deixa no partido e no país uma marca que nos honra a todos”.

Questionado pelos jornalistas sobre as suas ambições políticas futuras, Carneiro fugiu às perguntas, mas indicou que a “força, vitalidade e capacidade” do seu movimento devem ser utilizadas para mobilizar o PS para as eleições legislativas.

“Se me preocupasse com a minha carreira talvez não tivesse sido candidato”, disparou Carneiro quando pressionado novamente sobre se pretende integrar um eventual Governo de Pedro Nuno Santos, garantindo que a sua candidatura teve um “significado muito profundo”, até para o “legado” que quer deixar aos filhos — mostrar que em democracia “não há inevitabilidades”.

Carneiro deixou o Largo do Rato antes da chegada de Pedro Nuno, mas garante que não estava a mandar nenhum sinal político e que tinha de sair para ir agradecer aos seus apoiantes que o esperavam num hotel. “Agora é o tempo dele“, afirmou Carneiro, garantido que vai estar ao lado do “camarada” na campanha.

Pedro Nuno promete “nunca arrastar os pés”

Ainda antes de começar o seu discurso, Pedro Nuno Santos já deixou uma promessa aos portugueses: “Nunca arrastar os pés, decidir, avançar. É o que nós precisamos em Portugal”.

No seu discurso de vitória, o novo líder do PS dirigiu-se em primeiro lugar “aos milhares de militantes que participaram neste acto eleitoral e que mostraram que o PS foi, é e continuará a ser o maior partido político de Portugal”.

Pedro Nuno Santos deixou ainda palavras especiais ao seu director de campanha, Francisco César, bem como a Alexandra Leitão, que preparou a sua moção de estratégia global.

“Somos todos herdeiros de todos os fundadores e secretários-gerais do PS”, disse ainda Pedro Nuno Santos, evocando Mário Soares, o “eterno militante número um”. A sala responde gritando o famoso slogan “Soares é fixe”.

Houve ainda agradecimentos a José Luís Carneiro e Daniel Adrião, que contribuíram “para o debate interno”, com o novo líder a avançar que conta “obviamente com eles” para a campanha. António Costa também não foi esquecido, com o seu ex-Ministro a enaltecer o “orgulho imenso” do seu trabalho.

Pedro Nuno deixou também umas alfinetadas ao PSD, contrastando a “estabilidade das lideranças” — o PSD já teve 19 líderes contra nove no PS.

O novo líder socialista referiu ainda várias das bandeiras do partido. “O PS quer um país que valoriza os trabalhadores e os empresários”, promete. Sobre o Serviço Nacional de Saúde, Pedro Nuno acredita que a “solução não é desistir dele, nem privatizá-lo” e promete continuar a lutar por um SNS tendencionalmente gratuito.

Pedro Nuno Santos faz ainda a defesa do Estado Social e promete defender tanto os  jovens como os mais velhos. “Respeitamos quem trabalhou uma vida inteira, queremos continuar este trabalho para melhorar os rendimentos dos nossos mais velhos”, frisa.

Referindo-se às mulheres, considera que “não é aceitável que as mulheres que dedicam as suas vida a cuidar do outro sejam tão mal pagas em Portugal”. “Não seremos nunca um país decente se continuarmos a tratar as mulheres com desigualdade”, afirma.

Questionado sobre os jornalistas sobre um possível convite a José Luís Carneiro para um futuro Governo seu, Pedro Nuno Santos também foi evasivo. “Acho que não estamos no momento de fazer um Governo e muito menos em conferência de imprensa”, defende.

“A melhor maneira de garantir estabilidade política é ter o PS com um grande resultado”, responde, quando questionado sobre uma reedição da geringonça, não fechando a porta a um novo acordo com a esquerda. Pedro Nuno Santos afirma ainda não ser fã do termo “geringonça” porque “de geringonça não teve nada, funcionou mesmo bem, foi estável”.

Confrontado sobre o receio de ser demasiado radical e poder alienar os eleitores mais centristas, Pedro Nuno Santos chuta para canto. “O país não se divide entre radicalistas e moderados, divide-se entre quem tem convicções e não tem“, disse, tendo sido aplaudido.

Adriana Peixoto, ZAP //

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